O Algarve é conhecido pelo seu clima ameno, praias deslumbrantes e longos dias de sol, atraindo milhares de visitantes todos os anos. No entanto, as últimas semanas têm sido marcadas por condições meteorológicas adversas, com chuvas intensas e forte agitação marítima a afetarem a costa. Conheça a praia do Algarve que desaparece após temporal e as medidas planeadas para travar a erosão costeira na região.
A faixa litoral entre Quarteira e Vale do Lobo voltou a sofrer os impactos da erosão costeira, com o desaparecimento da Praia do Forte Novo após o temporal dos últimos dias.
A situação não é nova e tem sido motivo de preocupação para os habitantes e autoridades locais, que reclamam medidas urgentes para mitigar os efeitos das fortes ondulações.
De acordo com Telmo Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, a erosão da praia do Algarve derivado do temporal representa uma ameaça não apenas para a zona balnear, mas também para as construções próximas.
“Estou assustado com o que se está a passar”, afirma o autarca, citado pelo Público, apelando a uma intervenção rápida da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para evitar danos mais graves.
Intervenções adiadas e erosão crescente
A necessidade de reposição de areia na praia já foi reconhecida pelo governo. No verão passado, a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, anunciou um plano de assoreamento para este troço da costa, com a previsão de início das obras ainda em março, para conclusão antes do verão.
No entanto, Telmo Pinto lembra que a intervenção está atrasada “pelo menos quatro anos”. A última reposição de areia ocorreu em 2010, e desde então a erosão tem vindo a intensificar-se, colocando em risco infraestruturas costeiras.
A recarga de areia permitiu, no passado, um reforço da praia, o que facilitou o desenvolvimento imobiliário na região.
Atualmente, os valores dos apartamentos turísticos na zona variam entre um e três milhões de euros.
Contudo, sem uma ação contínua de reposição de sedimentos, a sustentabilidade da orla costeira fica comprometida.
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14 milhões de euros para recuperar a faixa costeira
A APA prevê um investimento de 14 milhões de euros para a próxima recarga de areia, com o objetivo de estabilizar a linha de costa e proteger as infraestruturas urbanas adjacentes.
“Espero que a obra venha a tempo de não prejudicar a imagem do concelho”, sublinha Telmo Pinto, insistindo na importância de um planeamento adequado para evitar atrasos futuros.
A recuperação dos esporões ao longo da praia está também prevista, mas ainda aguarda aprovação.
Efeitos na Reserva Natural da Foz do Almargem e Trafal
Mais a nascente, próximo de Vale do Lobo, os efeitos da erosão também são visíveis. Na Praia de Loulé Velho, a zona que no verão serve de parque de estacionamento está alagada, transformando-se num lago temporário devido às chuvas intensas.
Esta área insere-se na recentemente classificada Reserva Natural da Foz do Almargem e Trafal, um ecossistema de grande biodiversidade que enfrenta o desafio da preservação ambiental enquanto lida com o impacto do turismo.
Um inverno chuvoso e a recuperação hídrica
O inverno de 2024-2025 tem sido excecionalmente chuvoso, o que está a contribuir para o renascimento de várias fontes naturais que alimentam a ribeira do Almargem.
A ministra do Ambiente tinha previsto fazer um balanço da situação hídrica na região na segunda-feira passada, mas a sessão foi adiada para sexta-feira.
A erosão da costa algarvia continua a ser um tema central para a sustentabilidade da região, exigindo uma resposta célere e eficaz por parte das autoridades.
Resta saber se as intervenções prometidas chegarão a tempo de evitar novos danos no próximo inverno.
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