
A zona de Portimão vai acolher o primeiro festival de praia com cartaz integralmente dedicado à música africana, o Afro Nation Portugal, que juntará, entre 1 e 4 de agosto, cerca de 70 artistas de várias nacionalidades, anunciou a organização.
Obi Asika, agente musical britânico com origens africanas, é o diretor e ideólogo do festival e disse que, na origem da iniciativa, esteve a verificação de que havia poucos festivais que apostassem em artistas africanos e a vontade de criar um evento que fosse “uma plataforma para os artistas africanos e para celebrar artistas africanos e com raízes africanas de todo o Mundo”.
“Sou inglês, mas tenho ascendência nigeriana, e sempre trabalhei para aumentar a visibilidade da música africana e para colocar os nossos artistas em festivais e espetáculos por todo o lado. Trabalhei com promotores e agentes de festival por toda a Europa, mas nem sempre é fácil encontrar este tipo de música nesses eventos”, afirmou o produtor do evento.
Obi Asika lembrou que “muitos dos principais festivais europeus nasceram como festivais de rock”, que se foram “depois abrindo a outros géneros, como o hip hop”, mas sublinhou que isso só “aconteceu mais tarde”.
Mesmo em Londres, onde a “principal comunidade minoritária é africana”, notou a mesma fonte, “sempre nos questionávamos por que razão este tipo de música e estes artistas não eram chamados para mais festivais”, exemplificou.
Por isso, decidiu apostar num formato que fizesse a “diferença” e que permitisse dar “mais espaço” a estes artistas e “fazer um grande espetáculo em que os artistas africanos fossem o principal destaque”, justificou, sublinhando que o festival vai contar com “artistas africanos ou com ascendência africana” e da “diáspora africana” na Europa.
“Vivi em muitas localizações e países, gosto de seguir os meus instintos, mas também gosto de ser uma pessoa prática, e Portimão está perfeitamente localizada para este efeito. Tem praias incríveis, muitos hotéis, bares, e está perfeitamente preparada para receber turismo. E há imensos voos para Faro, de países como o Reino Unido, a Holanda ou a Alemanha, por exemplo”, afirmou, elogiando a cidade algarvia.
Trabalho com as autoridades portuguesas “tem sido muito fácil”
Obi Asika frisou que o trabalho com as autoridades portuguesas “tem sido muito fácil” e os parceiros portugueses conseguiram incentivá-lo a escolher Portimão, quando surgiram algumas dúvidas sobre a aposta que iria ser feita.
“É um investimento pesado, com algum risco, nunca ninguém fez isto no Mundo, é o primeiro festival de praia de música africana no Mundo, e pensamos sempre se vai resultar, se se vai perder imenso dinheiro ou não. Mas o incentivo que recebemos permitiu-nos avançar”, assegurou.
A mesma fonte adiantou ainda que o recinto tem capacidade para cerca de 20 mil espetadores por dia e “o programa já está fechado” e “tem como cabeças de cartaz nomes como WizKid, Davido e Burna Boy”, que encerram os alinhamentos nos dias 4 de agosto, 3 e 1 de agosto, respetivamente.
“No dia 2, vamos ter um convidado surpresa, que só iremos anunciar mais próximo da data”, acrescentou à Agência Lusa.
A mesma fonte adiantou que o festival em Portimão pretende ser o evento âncora de um formato que “vai depois percorrer os restantes continentes” e que “tem já marcada a primeira deslocação ao continente africano”, em Accra, no Gana, entre 27 e 30 de dezembro.
(CM)