Um autêntico pesadelo para os cerca de 180 passageiros que embarcaram no voo 4S3501 da Red Sea Airlines, em direção ao Porto. O grupo foi submetido a um “episódio lamentável e assustador”, envolvendo a companhia especializada em voos charter entre o Egito e Portugal. Só uma hospedeira ficou consciente.
O Boeing 737-800, já com 17 anos de atividade, deveria ter levantado voo de Hurghada por volta das 9:00 de segunda-feira, 7 de agosto. O episódio começou com um atraso de 11 horas.
De acordo com o portal Nit, no entanto, apenas levantou voo, perto das 20:00, com cerca de 11 horas de atraso.
Durante o processo de envio de bagagens para o porão, os passageiros foram surpreendidos com o anúncio do adiamento do voo para as 15:00, deixando-os perplexos perante a falta de explicação.
“Permanecemos ali cerca de cinco horas à espera, até que nos encaminharam para um hotel. Depois de nos marcarem o voo para as 17:00, ao chegarmos ao aeroporto, deparamo-nos com a aeronave ainda indisponível. Circulavam rumores sobre uma possível janela partida”, relatou Diana Domingos, uma das passageiras, em declarações prestadas ao Nit.
A hora de partida foi, enquanto isso, sendo sucessivamente adiada: primeiro para as 18:30 e depois para as 20:00. Quando finalmente conseguiram embarcar, não foi prestada aos passageiros qualquer justificação para a demora.
“Nenhuma explicação nos foi fornecida. Um dos passageiros interpelou o comandante na busca de esclarecimentos sobre a situação de segurança. A resposta foi que nós não tínhamos qualquer envolvimento nesse problema”, recorda Diana.
O voo aparentava correr bem e sem problemas, até que, cerca de 45 minutos antes de aterrar no Porto, as máscaras de oxigénio caíram, inesperadamente, dos compartimentos.
“Inicialmente, considerei que fosse uma brincadeira ou até mesmo um engano, uma vez que nenhuma instrução nos foi dada para as utilizar ou para nos mantermos calmos”, relatou a jovem de 30 anos à mesma fonte.
Alguns dos ocupantes das filas da frente alegaram ter ouvido um ruído estranho momentos antes da despressurização completa da cabine, acompanhado por uma súbita corrente de ar frio.
“A primeira sensação foi a perda de altitude. Depois, uma intensa dor nos ouvidos e na cabeça tomou conta de mim, a ponto de não conseguir sequer aplicar a máscara. Era como se o meu corpo estivesse a ceder, quase adormecendo”, descreveu um dos passageiros afetados.
Num ápice, instalou-se o pânico, com passageiros e até mesmo membros da tripulação de cabine a vomitar e a desmaiar.
“Uma hospedeira, visivelmente nervosa, instruiu-nos a usar as máscaras. Já havia passageiros desmaiados, gerando um autêntico caos. A situação agravou-se perante a ineficácia da tripulação em prestar assistência rápida e eficaz. Apenas uma hospedeira manteve-se consciente, recorrendo à ajuda de dois passageiros (que acabaram também por perder a consciência) para administrar oxigénio e tentar reanimar os restantes”, relatou.
No meio da confusão e do pânico, os passageiros permaneceram sem qualquer explicação coerente sobre o que estava a ocorrer. Nenhuma declaração foi feita, nem durante o episódio nem posteriormente.
Foi pedida a presença de ambulâncias junto à pista de aterragem no Aeroporto do Porto. Até ao momento, as causas da despressurização da cabine permanecem desconhecidas.
Após o Boeing finalmente aterrar, uma enfermeira da equipa de intervenção subiu a bordo para prestar assistência a quatro passageiros e a uma tripulante de cabine, que foram depois encaminhados para o posto médico.
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