A DGS acaba de recomendar vacinação universal a partir dos 12 anos. Mas até chegar a esta conclusão, o percurso foi sinuoso. O problema começou com uma conferência de imprensa que se realizou a 30 de julho. Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, anunciou então a boa nova há muito esperada por pais, professores e (nem todos) adolescentes:
“A DGS recomenda a vacinação prioritária dos adolescentes entre os 12 e os 15 anos de idade com comorbilidades associadas a doença grave.”
Ainda na mesma ocasião, Graça Freitas, que é médica de Saúde Pública, acrescentava:
“A DGS considera que deve ser dada a possibilidade de acesso à vacinação a qualquer adolescente com 12-15 anos de idade por indicação médica.”
E ainda explicou:
“A DGS emitirá recomendações sobre vacinação universal de adolescentes dos 12 aos 15 anos logo que estejam disponíveis dados adicionais sobre a vacinação destas faixas etárias”
No Brasil, onde estava em visita oficial, um entusiasmado Marcelo Rebelo de Sousa logo concluiu:
“As crianças vacinadas beneficiam de uma prevenção que lhes é positiva, isso não foi vedado, nem proibido pela DGS e está aberto aos pais em termos de escolha para os seus filhos. Esse espaço continua aberto à livre escolha dos pais”.
As palavras presidenciais permitiram a conclusão de que qualquer adolescente poderia ser vacinado desde que tivesse autorização dos pais ou dos tutores legais.
Acossada, a DGS tentou esclarecer:
“Tratando-se de menores, a vacinação é discutida com os pais ou representantes/tutores legais. Deve ser dada a possibilidade de acesso à vacinação a qualquer adolescente com 12-15 anos por indicação médica.”
E publicou uma norma que define as doenças prioritárias para vacinação entre os 12-15 anos: cancro ativo, diabetes, obesidade e insuficiência renal crónica. E também a transplantação, a imunossupressão, doenças neurológicas, como paralisia cerebral e distrofia muscular, perturbações do desenvolvimento, como a Trissomia 21. e perturbações do desenvolvimento intelectual grave e profundo. E doença pulmonar crónica, doença respiratória crónica, como asma grave, e fibrose quística também estão entre as prioritárias.
Esclarecidos? Nem todos. Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, arrasou a DGS:
“Esta norma não esclarece nada. Pelo contrário, vem criar um problema grave. A confirmar-se a possibilidade de os pais pedirem a vacinação para jovens saudáveis e de esta ser dada ou não, de acordo com a opinião dos médicos, vão ser criadas situações de desigualdade”.
Agora, Graça Freitas acaba de afirmar que a Direção-Geral da Saúde “recomenda a vacinação” para a faixa dos 12 aos 15 anos, estando “aberto o caminho para a vacinação universal destes jovens”. “A parte logística comunicará como vai ser distribuída essa vacinação. Se não for exatamente antes do início do ano letivo será nos dias a seguir. Mais uma semana ou menos uma semana não terá um impacto negativo importante”, especificou.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso