A utilização da saliva como meio de diagnóstico da Covid-19 em todas as faixas etárias está a ser estudada pelo Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e tem revelado resultados “muito promissores”, anunciou hoje o Instituto.
A investigação conjunta do IGC com o Hospital Dona Estefânia e o Hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca, EPE (Amadora Sintra), pretende desenvolver uma solução menos invasiva que os atuais testes com recurso a zaragatoas, sobretudo para crianças e adolescentes.
O IGC destaca, em comunicado, que outro benefício associado a este método é a possibilidade de aumentar a capacidade de testagem e reduzir os custos associados à realização da análise.
“Estamos a recorrer a amostras de casos positivos da doença covid-19 e a confirmar que a saliva pode ser usada eficazmente no rastreio de SARS-CoV-2 (o coronavírus que provoca a covid-19) em todas as faixas etárias, podendo aumentar a testagem e aproximarmo-nos de uma situação de autoavaliação em casa, que seria um cenário ideal para diminuir a circulação do vírus”, diz, citada no comunicado, Maria João Amorim, a investigadora principal do IGC que lidera o estudo.
Até ao momento, o procedimento “foi validado em cerca de 80 pessoas hospitalizadas onde, entre outros, se comparou a eficácia da saliva face à amostra nasofaríngea, tendo sido obtidos resultados muito promissores”, refere o IGC.
O estudo prevê testar um total de 300 pessoas, 33% das quais infetadas, de todas as faixas etárias.
Segundo Mónica Bettencourt Dias, Diretora do IGC, “o método de testagem atual é extremamente invasivo, principalmente para as crianças, envolve uma logística grande e dispendiosa e por isso é estratégico encontrar opções com claras vantagens para a população, pacientes e para o sistema nacional de saúde”.
A investigação incide no estudo de amostras tanto de adultos como de crianças, mas são os mais novos que recebem maior atenção, pois esta nova alternativa de teste promete ser indolor e muito mais rápida.
Maria João Brito, Médica Responsável da Unidade de Infecciologia do Hospital Dona Estefânia, realça que a utilização de zaragatoas para diagnosticar a covid-19 “é uma técnica desconfortável para a criança e adolescente e exige pessoal experiente com treino, pelo que nem sempre é fácil de realizar”.
“A logística necessária para a realização de testes na modalidade atual é muito pesada, não só pela estrutura física a que obriga como pela necessidade de alocar profissionais a esta atividade. Uma solução como esta vem ajudar-nos a aumentar o número de testes sem consumir tantos recursos humanos e financeiros”, sublinha José Delgado Alves, Diretor do Serviço de Medicina 4 do Hospital Fernando Fonseca.
A pandemia de covid-19 já provocou 5.373 mortes e 340.287 casos de infeção confirmados em Portugal, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
RELACIONADO:
Cientistas portugueses criam teste de diagnóstico rápido a partir da saliva
Novo teste de diagnóstico deteta o coronavírus através da saliva