O Hospital Fernando da Fonseca, conhecido por Amadora-Sintra, atingiu o limite de capacidade de fornecer oxigénio por via não invasiva. Em causa está uma sobrecarga na rede por estar a assegurar o suporte a demasiados doentes ao mesmo tempo, apesar de uma nova torre de oxigénio ter sido instalada há cerca de uma semana. O colapso obriga à transferência de quase meia centena de doentes, que já teve início e se vai prolongar durante a noite, para vários hospitais da capital e, ainda por confirmar, para o São João, no Porto. Nenhum doente corre ou correu risco de vida, garante o hospital.
Ao início da noite, a administração do Amadora-Sintra chamou todos os enfermeiros para darem apoio nas transferências dos doentes. Às 22h desta terça-feira estava prevista a transferência de 48 doentes, havendo capacidade para disponibilizar 72 camas em várias unidades, públicas e privadas, da grande Lisboa. Para já, vão ser recebidos em Santa Maria e no Hospital das Forças Armadas (HFAR). Também o hospital de campanha de Lisboa, com cerca de 20 camas equipadas para tratamento não invasivo com oxigénio, é um dos destinos apontados.
O Hospital de Santa Maria vai receber 20 doentes, 13 dos quais covid e sete não covid, a maioria dos quais está dependente de ventilação não invasiva. O HFAR ainda está “a avaliar a capacidade” mas confirma a transferência de “alguns doentes” em fase final de recuperação, que poderão ultrapassar uma dezena.
Em prevenção para os casos mais críticos está ainda o Hospital de São João, no Porto. Ao Expresso, fonte hospitalar, afirmou que a receção de casos graves do Amadora-Sintra “está prevista”, mas ainda aguardam instruções.
O Amadora-Sintra tinha 363 doentes infetados por covid-19 em enfermaria, dos quais 150 a realizar ventilação não invasiva e cerca de 30 em cuidados intensivos. O plano de contingência máximo do hospital previa que a unidade recebesse 120 doentes. Mesmo com as transferências da noite desta terça-feira, o hospital continua a ser aquele que tem mais doentes covid internados no país. Nas últimas 48 horas o hospital abriu mais 90 camas para a pandemia. E, há uma semana, o Amadora-Sintra tinha iniciado as obras para reforçar a sua capacidade de fornecimento de oxigénio aos doentes, já que devido à infeção, muitos necessitavam até três vezes mais oxigénio do que os doentes com outras patologias respiratórias.
Em conferência de imprensa na noite desta terça-feira, o médico Rui Santos, em nome do hospital, explicou que nenhum doente esteve em risco de vida e que, quando os problemas se verificaram, o oxigénio passou a ser fornecido aos doentes através de garrafas portáteis. A administração do Fernando da Fonseca agradeceu ainda a solidariedade dos hospitais de Setúbal, Santa Maria, do hospital de Campanha do Estádio Universitário e do Hospital Egas Moniz no recebimento dos doentes que tiveram de ser transferidos para a estabilização da rede de oxigenoterapia.
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