O PSD e a associação Movimento Determinante, que junta cidadãos com deficiência e cuidadores, criticam a gestão do Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul realizada pelo centro hospitalar do Algarve, que acusam de não corresponder aos objetivos assumidos.
Localizado em São Brás de Alportel, no distrito de Faro, o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul (CMFR Sul) é a única unidade a sul do rio Tejo especializada no tratamento de pessoas que viram a sua mobilidade reduzida, como por exemplo vítimas de acidentes de viação ou afetadas por doenças incapacitantes.
Contudo, segundo o PSD e o Movimento Determinante – Associação de Cidadãos com Deficiência, seus cuidadores e amigos, o centro não tem assegurado um tratamento atempado e com qualidade aos utentes.
Em comunicados distintos, o PSD do Algarve e a associação criticam a saída da diretora clínica do CMFR Sul e acusam o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) de não ter correspondido aos objetivos que assumiu para melhorar o serviço prestado e garantir os meios humanos e materiais necessários à prestação dos cuidados de “excelência” que o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul ofereceu no passado.
Na nota, o PSD considera que o CMFR Sul “atravessa uma grave crise”, que foi agora “pontuada com o pedido de demissão da atual diretora clínica”, lamentando que Arminda Lopes tenha deixado o cargo “apenas dois meses” depois de ter sido nomeada.
O partido recorda que, quando a diretora clínica tomou posse, foi definido o “objetivo” de “fazer face a um conjunto de problemas”, como “a baixa taxa de ocupação de camas no internamento”, a “falta de recursos humanos e materiais”, o “engrossar das listas de espera”, o “lento e inexorável processo de desqualificação e desvirtuamento da missão do CMR Sul”, transferindo utentes com “outras patologias” do Hospital de Faro para o Centro.
“Dá dó a todos os que conhecem ou beneficiaram com o CMR Sul que esta instituição, outrora de excelência, esteja, por estes dias, a viver um momento tão negro. Este centro presta cuidados que salvam vidas, que abrem horizontes de esperança, e as patologias a que responde têm uma janela terapêutica muito apertada. Ou têm lugar em tempo próprio ou os danos tornam-se irreversíveis”, adverte Cristóvão Norte, presidente do PSD do Algarve, citado no comunicado do partido.
O dirigente partidário considera que “o Governo é responsável” pela situação, porque “prometeu, quando decidiu integrar o CMR Sul no CHUA, que iria tornar o primeiro num centro de responsabilidade integrada”.
Cristóvão Norte acrescenta que essa “modalidade oferece maior autonomia de gestão” e “garantia de agilidade”, mas salienta que “passaram quatro anos e nada foi feito”, tendo a “degradação do CMR Sul se acentuado”.
Em comunicado, o Movimento Determinante também critica o CHUA pela gestão que tem feito do CMFR Sul e pelas “várias promessas não cumpridas” que têm como “principais prejudicados” os utentes.
“Há muito tempo que os problemas persistem no CMRF Sul, com a falta de recursos humanos e materiais, a baixa ocupação a nível de internamento de utentes a quem o centro se destina, a elevada lista de espera, o constante depósito de doentes do Hospital de Faro neste centro, assim como o longo atraso [em alguns casos ultrapassando os dois anos] na entrega de ajudas técnicas e materiais de apoio”, sustenta a associação.
O Movimento Determinante também acusa o CHUA de “não cumprir as condições acordadas” no reforço da resposta do centro, motivo que, segundo a associação, “levou a doutora Arminda Lopes a demitir-se apenas passados dois meses” de ter tomado posse.
“Era com grandes expectativas que esperávamos que o centro voltasse a prestar o serviço de excelência, que, em tempos, o caracterizou. Mas, não só ficou sem diretora clínica, como voltou a servir de depósito de doentes do Hospital de Faro, em detrimento dos utentes para o qual foi concebido”, acrescenta a associação.
A Lusa contactou o CHUA para obter uma reação a esta situação, mas ainda não obteve resposta.