O Portimonense entregou hoje a lanterna-vermelha da I Liga portuguesa de futebol ao vizinho Farense, ao bater em casa o Nacional por 1-0, em encontro da oitava jornada da prova.
Uma grande penalidade convertida pelo brasileiro Fabrício, aos 89 minutos, depois de uma mão na bola do central insular Júlio César, que foi expulso, selou o primeiro triunfo caseiro dos algarvios, agora no 16.º lugar, com sete pontos.
Por seu lado, o Nacional manteve-se com 10, em sétimo, e está fora dos quartos de final da Taça da Liga, nos quais já estão Sporting, FC Porto, Sporting de Braga, Benfica e Vitória de Guimarães, da I Liga, e Estoril Praia, da II Liga.
COMENTÁRIO: Portimonense homenageia Vítor Oliveira com regresso aos triunfos
O Portimonense quebrou hoje um ciclo de três derrotas consecutivas e deixou a lanterna-vermelha da I Liga de futebol, ao bater o Nacional por 1-0, com um golo de Fabrício aos 89 minutos, de grande penalidade.
Um dia depois da morte do seu ex-treinador Vítor Oliveira, em partida da oitava jornada, bastante equilibrada e sem muitos momentos de interesse, o tento do avançado brasileiro, na conversão de um penálti a castigar braço de Júlio César (expulso na sequência do lance), acabou por ser decisivo.
A equipa de Portimão subiu provisoriamente ao 16.º lugar, com sete pontos, enquanto o Nacional, afastado da luta pelos quartos de final da Taça da Liga, é sétimo classificado, com 10.
Assinalando o luto pela morte de Vítor Oliveira, ocorrida no sábado, aos 67 anos, os jogadores do Portimonense entraram em campo envergando ‘t-shirts’ com a imagem do técnico, exibindo uma tarja com a inscrição “Eterno Vítor Oliveira. Obrigado sempre”, e jogando depois com o nome do técnico estampado nas costas das camisolas.
Com quatro derrotas seguidas em jogos oficiais, a equipa algarvia entrou a pressionar, dominando em pleno e mostrando-se determinada a marcar cedo, criando até duas ocasiões de relativo perigo nos primeiros 10 minutos de jogo.
Primeiro, foi Fabrício, em boa posição dentro da área, a rematar ligeiramente por cima, aos seis minutos, enquanto Luquinha, três minutos depois, atirou de fora da área, com a bola a passar junto ao poste direito da baliza de Daniel Guimarães.
Aos 11 minutos, os madeirenses dispuseram de uma boa oportunidade, depois de um atraso de Lucas Possignolo para o guarda-redes Samuel ter sido punido pelo árbitro com livre indireto dentro da área, mas Ruben Micael e Riascos desentenderam-se na marcação da bola parada.
Já sem o lateral-direito Rúben Freitas, substituído devido a lesão aos 21 minutos, o Nacional foi, aos poucos, equilibrando a posse de bola e até assumindo um ligeiro controlo, ainda que os minutos tenham passado sem ocasiões claras junto às duas balizas.
Com o jogo muito equilibrado, mas pobre em termos ofensivos, só Pedro Sá, já nos “descontos” da primeira parte, trouxe alguma emoção à partida com um “tiro” de fora da área ao lado.
Depois do intervalo, as duas equipas pareciam voltar do balneário mais ativas, com Luquinha a desperdiçar um lance de insistência dos algarvios (46 minutos) e, na outra área, Mabrouk a atirar com perigo ao lado (48).
Os algarvios mostravam vontade de assumir o domínio da partida e, pouco depois, Luquinha esteve novamente em evidência, após recuperação de bola a meio-campo e um contra-ataque rápido, rematando com o pé direito para grande defesa de Daniel Guimarães para canto (56 minutos).
Com a pressão do Portimonense a intensificar-se, Paulo Sérgio aumentou a frente de ataque, sem resultados práticos, enquanto Gorré criou perigo para os forasteiros com dois remates de fora da área para fora (77 e 81 minutos).
O jogo parecia estar a caminho do empate até que surgiu o lance decisivo do encontro, aos 85 minutos: alertado pelo vídeoarbitro (VAR) para um corte com o braço de Júlio César na área, após remate de Aylton Boa Morte, o árbitro Gustavo Correia foi ver as imagens e confirmou o penálti, expulsando o defesa central por acumulação de amarelos.
O avançado brasileiro Fabrício converteu com sucesso e a equipa algarvia dedicou o golo a Vítor Oliveira e ao médio brasileiro Lucas Fernandes, que estará afastado das opções por vários meses, devido a lesão.
Após o fim do jogo, numa homenagem sentida a Vítor Oliveira, jogadores, técnicos e dirigentes de Portimonense e Nacional uniram-se numa roda gigante a meio-campo e cumpriram um minuto de silêncio.
DECLARAÇÕES
Declarações após o jogo Portimonense-Nacional (1-0), da oitava ronda da I Liga portuguesa de futebol:
– Dener (‘capitão’ do Portimonense): “Há tempos que estávamos a precisar de uma vitória. Hoje, por causa da nossa posição da tabela e pelo momento triste que vivemos ontem [sábado], queríamos conquistar os três pontos para poder homenagear esse amigo que perdemos. Foi um dia triste, mas que acabámos de alguma maneira felizes, por conquistar estes três pontos em homenagem ao Vítor Oliveira.
Quero dar os parabéns a toda a equipa, porque num momento complicado como este mantivemos a concentração e o foco. Acreditámos até ao fim no nosso trabalho e que o golo podia sair. Fomos premiados por isso e todos estão de parabéns.
[Manter o foco após a morte de Vítor Oliveira?] São coisas difíceis de explicar. Estava no balneário, antes do treino de ontem [sábado], e mostraram-me a notícia. Fiquei incrédulo, parece que ainda ‘não caiu a ficha’. Era uma ótima pessoa, tivemos grandes momentos aqui. Agora é orar pela família, para que Deus possa confortar todos os amigos e aqueles de cuja vida fazia parte. Aqui em Portimão, tinha muitos amigos e foi alguém que aprendi a admirar muito. Eu e outros jogadores crescemos muito com ele e também pudemos ver a grande pessoa que ele era.
As vitórias trazem sempre um alívio, um outro ambiente para o grupo, mostrando que estamos no caminho certo. Há que trabalhar, manter o foco, não nos empolgarmos com esta vitória e analisar o que podemos melhorar, para podermos continuar a conquistar mais vitórias.
Mesmo nas derrotas, tivemos momentos muito bons, mas fomos penalizados por alguns erros. Hoje, acho que cumprimos o que o ‘mister’ quer de nós. Concentrados em todo o jogo, tanto na defesa como no ataque. Essa união e dedicação fez com que conseguíssemos esta vitória”.
– Luís Freire (treinador do Nacional): “Sabíamos que tínhamos de apresentar uma equipa consistente, porque o Portimonense ia entrar forte, como entrou, com mais bola. Teve uma primeira parte com mais bola e nós a tentarmos sair no contra-ataque.
Até ao intervalo, o resultado ajustava-se. É verdade que as duas equipas não dispuseram de muitas oportunidades de golo. Da nossa parte, faltou um pouco conseguir libertar os nossos jogadores entrelinhas, o Koziello e o João Victor, da marcação individual dos dois ‘trincos’ do Portimonense e os extremos a tentarem condicionar o nosso jogo interior. Faltou, por vezes, principalmente em ataque organizado, chegar à baliza do adversário.
Na segunda parte, estivemos um bocadinho mais por cima no jogo, conseguindo chegar mais vezes à baliza do adversário. É verdade que não acertámos na baliza, mas tivemos sete ou oito tentativas de golo. Não conseguimos concretizar e, num momento em que estávamos a arriscar para tentar os três pontos, acontece o lance que decide um jogo muito equilibrado.
Estando em quinto ou sexto lugar, ganhando aqui sabíamos que íamos à Taça da Liga. Tentámos arriscar e dar um sinal à equipa que era possível ganhar. No nosso melhor momento, depois de dois remates do Kenji [Gorré], acabámos por, num lance fortuito, a bola bater na mão de um nosso jogador e o árbitro dar penálti.
Quando o jogo começou a andar para a frente, com o cansaço do Portimonense, começámos a ter mais espaço para fazer o nosso jogo. Tentei lançar os jogadores para a frente, como chegámos duas ou três vezes podíamos ter chegado mais, mas o jogo esteve muito tempo interrompido por causa do lance de penálti. Com a expulsão, perdemos o ímpeto e foi difícil, a partir daí, fazer mais.
Uma palavra sobre a morte do Vítor Oliveira. Foi feita aqui uma homenagem bonita [após o final da partida]. Sou um jovem treinador, mas admiro muito o Vítor Oliveira. Todos os treinadores ficaram tristes e penso que devem ser feitas as melhores homenagens ao Vítor Oliveira. Deixar um abraço à família e fica todo o meu respeito imenso pela personalidade”.
Jogo no Estádio Municipal de Portimão
Portimonense – Nacional, 1-0
Ao intervalo: 0-0
Marcador:
1-0, Fabrício, 89 minutos (grande penalidade).
Equipas:
– Portimonense: Samuel, Moufi, Maurício, Lucas Possignolo, Koki Anzai, Pedro Sá, Dener, Luquinha (Ricardo Vaz Tê, 68), Anderson Oliveira (Aylton Boa Morte, 78), Fabrício (Willyan, 90+2) e Júlio César (Welinton Jr., 78).
(Suplentes: Ricardo Ferreira, Rómulo, Ricardo Vaz Tê, Henrique, Willyan, Safawi, Welinton Jr., Aylton Boa Morte e Fernando).
Treinador: Paulo Sérgio.
– Nacional: Daniel Guimarães, Rúben Freitas (Mabrouk, 21), Júlio César, Pedrão, Lucas Kal (Vigário, 80), Alhassan, Koziello (Danilovic, 64), Rúben Micael (Rochez, 80), João Victor (Gorré, 64), Brayan Riascos e João Camacho.
(Suplentes: Riccardo Piscitelli, Danilovic, Gorré, Vigário, Rui Correia, Rochez, Vincent Thill, Nuno Borges e Mabrouk).
Treinador: Luís Freire.
Árbitro: Gustavo Correia (Porto).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Dener (36), Luquinha (62), Júlio César (78 e 89) e Pedro Sá (85). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Júlio César (89).
Assistência: Jogo realizado à porta fechada devido à pandemia de covid-19.