Uma plataforma de gelo com uma superfície de cerca de 1200 quilómetros quadrados (área semelhante à da cidade de Roma, em Itália) desabou completamente na Antártida Oriental. Nos últimos dias, têm-se registado temperaturas acima do habitual, tanto na Antártida como no Ártico.
A plataforma de gelo Conger desmoronou-se provavelmente no dia 15 de março, segundo anunciado nesta sexta-feira. O movimento começou entre os dias 5 e 7 de março. As temperaturas têm atingido números máximos na Antártida: a estação Concordia registou uma temperatura recorde de -11,8ºC no dia 18 de março, um valor 40 graus acima do normal para a época.
Desde meados dos anos 2000 até ao início de 2020 que esta plataforma de gelo foi diminuindo gradualmente. A partir daí, a perda acentuou-se e no dia 4 de março deste ano a superfície já tinha metade do tamanho em comparação com os dados registados no mês de janeiro.
A cientista da NASA, Catherine Colello Walker, explica que este é “um dos eventos de colapso mais significativos em qualquer parte da Antártida desde o início dos anos 2000, quando a plataforma de gelo Larsen B se desintegrou”. “Muito provavelmente não terá efeitos enormes, mas é um sinal do que poderá estar para vir”, cita o jornal “The Guardian”.
As plataformas de gelo são extensões de placas que flutuam sobre o oceano e que desempenham um papel relevante na contenção do gelo terrestre. Sem estas plataformas, o gelo interior flui mais rapidamente para o oceano, o que resulta na subida do nível do mar.
O professor e investigador Andrew Mackintosh, que já foi diretor do Antarctic Research Centre, clarifica que as plataformas de gelo “perdem massa como parte do seu comportamento natural”. No entanto, o colapso “em grande escala”, como aquele que se verificou, é um “acontecimento muito invulgar”.
MAIS PLATAFORMAS DE GELO VÃO DESMORONAR-SE
O professor Matt King, que lidera o Australian Centre for Excellence in Antarctic Science, explicou ao “Guardian” que a rutura da plataforma de gelo Conger terá um “pequeno impacto” no nível do mar, uma vez que o glaciar que tinha por trás era pequeno.
Ainda assim, alerta que vão acontecer mais casos como este devido ao aquecimento climático. “Veremos grandes plataformas de gelo, muito maiores do que esta, a romper-se. E essas irão conter muito gelo – o suficiente para elevar seriamente o nível global do mar”, assegura.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL