O primeiro-ministro, António Costa, determinou esta quinta-feira a revogação do despacho publicado na quinta-feira sobre a solução aeroportuária para a região de Lisboa e reafirmou que quer uma negociação e consenso com a oposição sobre esta matéria. Fonte do Governo diz ao Expreso que o primeiro-ministro “desconhecia o despacho” publicado na quarta-feira e “apanhado de surpresa” na cimeira da NATO. De acordo com a mesma fonte, a decisão de António Costa foi a de esperar pela tomada de posse de Luís Montenegro, anunciada na quarta-feira passada no Parlamento, no debate de política geral.
A informação de que o primeiro-ministro tinha decidido pela revogação do despacho foi prestada em comunicado às redacções depois de ontem, o ministro das Infraestruturas ter defendido a decisão do Governo, dizendo que o PSD se tinha “posto de fora” da solução.
“O primeiro-ministro determinou ao Ministério das Infraestruturas e da Habitação a revogação do despacho ontem [quarta-feira] publicado sobre o novo aeroporto da região de Lisboa”, lê-se num comunicado hoje divulgado pelo gabinete de António Costa.
No comunicado, o primeiro-ministro “reafirma que a solução tem de ser negociada e consensualizada com a oposição, em particular com o principal partido da oposição e, em circunstância alguma, sem a devida informação prévia ao Presidente da República”.
Esta última frase dá nota de uma contradição que ontem surgiu depois de o Presidente da República ter dito que precisava de mais detalhes sobre a decisão. Questionado sobre isto na RTP, Pedro Nuno Santos começou por dizer que a relação com o Presidente da República “era óptima”. “Foi sempre havendo conversas”, com Marcelo Rebelo de Sousa, disse. Mas informou o Presidente do que ia anunciar hoje? “Hoje não. Não informo o senhor Presidente de todas as decisões que vamos tomando no Ministério das Infraestruturas.”
No comunicado do gabinete do primeiro-ministro, Costa termina dizendo que “compete ao primeiro-ministro garantir a unidade, credibilidade e colegialidade da ação governativa. O primeiro-ministro procederá, assim que seja possível, à audição do líder do PSD que iniciará funções este fim de semana para definir o procedimento adequado a uma decisão nacional, política , técnica , ambiental e economicamente sustentada”, acrescenta-se no comunicado.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL