Felisberto Teixeira, o primeiro português a participar na categoria rainha do campeonato do mundo de motociclismo de velocidade, em 1998, acredita que Miguel Oliveira pode chegar ao pódio no Grande Prémio de Portugal de MotoGP, no domingo.
Em declarações à agência Lusa, o antigo piloto recorda como as coisas “eram muito mais difíceis” quando disputou a prova no circuito de Jerez de la Frontera, em Espanha, em 1998, com uma Suzuki de 500cc a dois tempos.
“Até o nome do campeonato se alterou [atualmente chama-se Mundial de MotoGP]. As motas são conceitos completamente distintos. São motas a quatro tempos, na altura eram a dois tempos. Agora a eletrónica comanda tudo”, disse Felisberto Teixeira, que vê como “única semelhança é que é o topo do motociclismo mundial”.
Felisberto Teixeira tinha 28 anos quando foi convidado a participar no Grande Prémio de Espanha de 500cc, a categoria rainha da altura.
Atualmente ligado ao ciclismo e à equipa W52-FC Porto, começou por disputar o Campeonato Nacional de Velocidade em motociclismo.
“Após ganhar o primeiro campeonato, fui convidado para uns testes da seleção nacional. Aí começa a minha carreira internacional”, recorda.
Em 1999, disputou o Mundial de resistência, com a equipa Suzuki Shell, que acabaria por se sagrar campeã mundial um ano depois.
“Saí da equipa a meio do ano, em 1999. E estava a fazer o Mundial de Supersport, na Honda Galp”, conta, tendo somado “alguns pódios”, antes de ser convidado a participar no Grande Prémio de Portugal de 2000, mas na categoria intermédia, na altura reservada para as motas de 250cc a dois tempos, em que sofreu problemas mecânicos.
Passados 20 anos, Felisberto Teixeira garante que, “hoje, as motas são mais fáceis de conduzir, em grande parte devido à eletrónica”.
“Hoje há controlo de tração, tudo e mais alguma coisa”, frisa.
Sobre a mota de 500cc com que disputou a prova em Espanha, em 1998, recorda, em jeito de brincadeira, que “era uma coisa engraçada de se guiar”.
“Eram muito difíceis. Impunham respeito porque eram muito difíceis. Daí o facto de se tornarem mais interessantes”, sublinha.
O antigo piloto considera que “hoje em dia, se calhar, é mais exigente fisicamente. Em cada tempo há as suas dificuldades”, aponta, sublinhando que correr com uma mota de 500cc “era o realizar de um sonho”, em que “tudo acontece mais depressa e de uma forma mais bruta”.
“A ideia, inicialmente, era fazer o campeonato completo. Foi uma porta que se abriu, em que o pensamento foi sempre para o ano seguinte. Era uma equipa patrocinada pela Shell Austrália. Como era piloto Shell, houve conversações e convidaram-me. Não houve seguimento porque as coisas não devem ter funcionado como esperavam. A equipa acabou por desaparecer”, lamentou.
Quanto ao Grande Prémio de Portugal, da 14.ª e última prova do Mundial de MotoGP, a disputar entre sexta-feira e domingo, Felisberto Teixeira disse acreditar que Miguel Oliveira pode lutar por um lugar no pódio.
“O Miguel é um piloto que está garantidamente nos cinco melhores [do mundo]. A mota já não será má e acredito que melhore ainda mais. Vamos sonhar um bocadinho mas gostava muito de ver o Miguel lutar por uma vitória. Um pódio já era bom”, concluiu.