Miguel Sousa Tavares, jornalista, editor, escritor e comentador político, na sua habitual crónica de opinião no Expresso, conta que foi ao enterro do seu ‘compadre’ em Lagos e que escolheria como ‘comadre’ a Noélia, do conhecido Restaurante Noélia & Jerónimo, em Cabanas de Tavira, “se ela me desse esse privilégio”.
O cronista conta a sua ligação ao Algarve. Foi na praia da Dona Ana, Lagos, que conheceu o seu ‘compadre’, José Afonso Muchacho, “praia da minha infância, que virou cartaz turístico do Algarve e chegou a ser considerada a mais bonita do mundo pela ‘Condé Nast Traveler'”.
Ao falar sobre José Afonso explica quando se começaram a tratar por ‘compadre’, “ele fez-me padrinho de baptismo da sua filha e, por isso, e para sempre, tratou-me e tratámo-nos por ‘compadre’ — essa palavra tão bonita e tantas vezes mal empregue”.
Miguel Sousa Tavares mudou-se para o Algarve há um ano: “resolvi trazer os meus livros, os meus quadros, as minhas memórias e os meus olhos para o Algarve, agora que vejo Portugal inteiro nas minhas costas e todo o mar em frente, eu escolheria como ‘comadre’, se ela me desse esse privilégio, a Noélia”.
Para Sousa Tavares a Noélia “dá o mesmo que o meu ‘compadre’ Zé Afonso me deu: descoberta, generosidade, partilha. Outros conhecem-na pela fantástica cozinheira (ou chef, se preferirem) que ela é; eu conheço-a por mais do que isso, pelo sorriso quando olha para mim e me vê sair dali, em Dezembro, Fevereiro ou Março, deliciado e feliz com uma coisa tão aparentemente simples e todavia tão sumptuosa como um grande jantar. Sério, inspirado, genuíno. E sonho que um dia hei-de morrer assim, depois de jantar na Noélia e a seguir me sentar à noite no terraço de casa, vendo as estrelas sobre o mar”.