Há quase meia década que alguns portugueses deixaram de ter de ir ao outro lado da fronteira para fazer compras na Mercadona. Já os algarvios continuam a precisar de passar o Guadiana para chegar à loja mais próxima, em Ayamonte. Embora a cadeia espanhola ainda não tenha chegado ao Algarve, o país conta já com 48 lojas e mais de 5.000 trabalhadores. Os empregados referem, contudo, que a Mercadona funciona “como uma seita”.
Foi em 2019 que a Mercadona, que promove o slogan “Supermercados de Confiança”, chegou a Portugal. Com 48 lojas a funcionar no país, a cadeia espanhola é a preferida dos portugueses, de acordo com um inquérito levado a cabo pela DECO Proteste. Muitos dos funcionários não partilham da mesma opinião e queixam-se que no trabalho se vive “um ambiente hostil, de perseguição, de controle, justiça”.
As declarações dos empregados foram divulgadas no programa da RTP, Prova dos Factos, apresentado pela jornalista, Mariana Flor. À estação pública chegaram várias queixas dos empregados, que assumem “ser usado o medo como arma”, para além da “invasão de privacidade”. “As pessoas trabalham com medo de sofrer qualquer tipo de represália”, acrescentam ainda.
Uma ex-trabalhadora diz até que, “desde a parte da formação, que é feita em Espanha, que querem tornar-nos a todos iguais, quase como se fosse uma seita”. Há quem também acuse ainda a Mercadona de não permitir que os trabalhadores comuns desenvolvam relações de amizade com aqueles que estão acima na hierarquia. No mesmo programa, a Diretora de Relações Públicas da Mercadona, Inês Santos, nega todas as acusações.
Estas não são as primeiras queixas contra a cadeia espanhola de supermercados
De salientar que em abril deste ano, a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses já tinha denunciado algumas atitudes da Mercadona, nomeadamente o assédio moral sob a forma de pressão, intimidação e coação, “com objetivo de que o trabalhador se demita”.
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