Almancil celebrou no passado sábado a vida e obra de três personalidades que marcaram esta terra, com o descerramento de placas toponímicas com os nomes de João Martins, Hermes Alberto e Volker Huber em artérias da freguesia.
Familiares, amigos e muitos almancilenses juntaram-se para descerrar a placa toponímica com o nome do antigo presidente da Junta de Freguesia de Almancil, João Martins.
Localizada entre a ASCA, a associação de que foi fundador e presidente, e a Rotunda do Emigrante, também por ele idealizada, é aqui que ficará perpetuada a memória de um dos mais queridos filhos de Almancil e que tanto contribuiu para o” progresso rápido que teve nas últimas três décadas” esta vila, muito em breve cidade.
Os amigos e camaradas salientaram o papel que João Martins teve em muitas obras desta freguesia. “Moveu montanhas, trilhou caminhos, noites sem dormir, saindo do conforto familiar, para realizar algo social para a freguesia e suas gentes”, disse Dora Olival, membro do executivo da Junta. E foi o próprio filho, Alexandre Martins, que de forma muito emocionada, realçou o facto de ter sido sempre um homem dedicado à causa pública, “viveu uma vida inteira para Almancil, colocando muitas vezes em segundo plano a vida pessoal”.
De entre a obra feita, o atual presidente da Junta, Joaquim Pinto, referiu, a par da ASCA, a ampliação do Cemitério de Almancil como um legado deste homem que pensou sempre nas necessidades da comunidade. Também o colecionismo e as antiguidades fizeram parte da vida de João Martins e, como tal, pretende agora a Junta criar um espaço museológico para colocar todo esse espólio.
A par da obra feita, o presidente Vítor Aleixo destacou o facto de ter sido uma pessoa “dedicado à cultura popular e que valorizava não apenas as coisas materiais, mas o povo, foi um homem que soube olhar para esse valor”. São inúmeras as suas publicações, iniciativas como exposições ou conferências por si promovidas. “Foi um homem multifacetado, um homem rico e que enriqueceu esta terra. Trabalhou sempre com Almancil no coração, sem nunca esquecer o mundo à sua volta, e soube estabelecer essa ligação orgânica entre o local e o universal”, recordou ainda o autarca.
A rua junto à ASCA, denomina-se agora Rua Hermes Alberto, um dos seus presidentes.
Também ele com uma vida comunitária e política ligada a Almancil, Hermes Alberto faleceu em 2020, numa altura em que exercia as funções de presidente desta associação social e cultural.
“Um homem com um espírito solidário, sempre pronto a ajudar o próximo”, foram as palavras dos familiares. Mas os autarcas Joaquim Pinto e Vítor Aleixo, referiram a ligação do homenageado à comunidade estrangeira de Almancil, não só por ele próprio ter sido emigrante na Alemanha, mas também por ter sido responsável pela segurança na administração da Quinta do Lago. “Um filho que engrandeceu muito esta comunidade, foi um trabalhador incansável pelo desenvolvimento de Almancil e era uma mais-valia desta terra, foi um engenheiro de um território coeso, que fez a ponte entre os residentes estrangeiros e os poderes públicos e a comunidade local”.
Para encerrar a manhã, em S. Lourenço, junto à icónica igreja e em frente ao antigo Centro Cultural de S. Lourenço, foi a vez de ser descerrada a placa com o nome do alemão Volker Huber, fundador (em 1981) e diretor deste prestigiado espaço, até à sua morte (em 2004).
A esposa, Marie Huber, que com ele esteve à frente do Centro Cultural, lembrou a sua chagada ao nosso país. “Foi aqui que vivemos e trabalhámos mais de 30 anos. Quando mudámos da Alemanha para Portugal, foi para realizar um sonho: criar um lugar de encontro entre pessoas interessadas na arte e na cultura, entre os artistas e o público. O Centro Cultural de S. Lourenço proporcionou esse lugar”, disse Marie.
O presidente da Junta falou do papel que este Centro teve “na promoção de Almancil e de S. Lourenço pelo mundo das artes e da cultura”. “Os habitantes choram bastante o facto de ter terminado a sua atividade!”, notou.
Já Vítor Aleixo recordou os muitos artistas que por aqui passaram, entre pintores, escritores, músicos, com destaque para o Prémio Nobel da Literatura, o alemão Günter Grass, visita habitual do espaço “e que era sempre notícia”. “O Centro Cultural veio acrescentar beleza e cultura a um lugar que já tinha esses valores tratados de uma forma suprema, na Igreja que se encontra a poucos metros”, disse ainda o autarca de Loulé.