A administração do Centro Hospitalar e da ARS do Algave garantiram esta sexta-feira que o serviço de neurocirurgia do hospital de Faro funcionará no fim-de-semana, contrariando “a escala proposta e validada” pela directora em gestão daquela especialidade.
“A escala proposta e validada pela directora do Serviço de Neurocirurgia, Alexandra Adams, não acautelava, de forma incompreensível, a resposta à urgência nesta especialidade. Tendo conhecimento deste facto, o conselho de administração, em colaboração com a ARS Algarve, diligenciou no sentido de suprir esta lacuna, tendo já neste momento assegurada a resposta médica que permitirá garantir o funcionamento da neurocirurgia na região”, informa o comunicado.
Na quinta-feira, a directora em gestão daquela especialidade, Alexandra Adams, disse à Lusa que por “não haver condições para trabalhar”, o hospital de Faro iria ficar sem o serviço de neurocirurgia nos próximos dias, incluindo no fim de semana prolongado, em que está prevista a ronda portuguesa do campeonato do Mundo de resistência de motociclismo, onde participam cerca de 100 pilotos, e onde são aguardados cerca de 50 mil espectadores.
Alexandra Adams, que pediu a demissão do cargo de directora em Março, acusou o conselho de administração do hospital de “não ter tido abertura para ouvir e analisar as soluções que lhe têm sido apresentadas”.
Esta sexta-feira, o conselho de administração do centro hospitalar do Algarve (CHAlgarve) e a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve atribuem a responsabilidade da realização da escala a Alexandra Adams e negam a falta de médicos especializados para assegurar o serviço. “Reafirmamos que não se confirma a falta neurocirurgiões na urgência do CHAlgarve, como foi mediaticamente avançado, garantindo-se assim a assistência desta especialidade durante este fim de semana alargado”, refere o comunicado.
As duas entidades referem que, com o apoio da tutela, têm vindo a “desenvolver contactos com centros hospitalares do país e também com empresas e prestadores médicos para contratar recursos humanos que permitam fazer face às carências prementes das especialidades mais carenciadas”. Além disso referem que um despacho do secretário de Estado da Saúde veio permitir que “os anestesistas integrem equipas cirúrgicas em regime pós laboral, potenciando a utilização dos cirurgiões disponíveis e que sem este recurso não podiam ser utilizados por falta de anestesistas”.
“A administração considera que, ao contrário do que afirma Alexandra Adams, os problemas existentes à data de entrada em funções do novo conselho de administração (…) não se agravaram mas pelo contrário começaram a ser seriamente tratados e minimizados com recurso a medidas de gestão e racionalização dos meios disponíveis”, adianta. “O que é incompreensível e inaceitável é a atitude da líder de um serviço, ainda que cessante, que não hesita em instrumentalizar uma situação de conhecida carência de recursos humanos, contribuindo intencionalmente para agravar o problema através do alarmismo social à população que deveria servir”, refere o comunicado, sublinhando que “até à data de hoje, nunca houve ruptura de escala desta especialidade, não havendo nenhum facto novo ou inesperado que justifique a tal actuação”.
(Agência Lusa)