O incêndio rural que deflagrou no sábado em Odemira foi dominado hoje às 10:15, mas ainda há pontos que merecem atenção, sobretudo na frente sul, prevendo-se muitas reativações ao longo do dia, disse fonte da Proteção Civil.
Num ‘briefing’ realizado às 11:40 no posto de comando instalado em São Teotónio, em Odemira (distrito de Beja), o comandante regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, Vítor Vaz Pinto, afirmou que em todo o perímetro do fogo há poucas chamas ativas.
“Esta quarta-feira, às 10:15, o incêndio foi dado como dominado”, afirmou Vitor Vaz Pinto, sublinhando que “não há muita chama ativa” e “a pouca chama ativa que existe é dentro do queimado”.
No entanto, sublinhou, espera-se que haja “muitas reativações ao longo do dia”, porque o vento mudou de quadrante e “vai afetar sobretudo a frente sul”, que toca os concelhos algarvios de Monchique e Aljezur (distrito de Faro), onde as chamas também já entraram.
“Temos alguns pontos que merecem particular atenção, vamos ter muitas reativações ao longo do dia, até porque o vento mudou de quadrante, está a puxar de norte/noroeste e vai afetar principalmente a frente sul”, precisou.
De acordo com Vítor Vaz Pinto, que atualizou a área ardida para 8.400 hectares (na terça-feira o balanço era de 10.000 hectares), o incêndio, cujo perímetro se estende por 50 quilómetros, ainda vai merecer a preocupação da Proteção Civil ao longo dos próximos dias.
Durante a noite de terça-feira para hoje, foram assistidas mais sete pessoas, uma das quais foi transportada para uma unidade hospitalar, o que eleva para 42 o número de pessoas assistidas no local e para nove o número de cidadãos transportados para unidades hospitalares, sem registo de situações de gravidade.
Segundo o responsável, a Estrada Municipal 501 ainda se mantém com alguns cortes, assim como o Caminho Municipal 1186.
Ainda se mantinham no local àquela hora 1.051 operacionais, apoiados por 320 veículos, 11 máquinas de rasto e 15 meios aéreos, acrescentou, sublinhando que “durante as próximas horas este dispositivo vai manter-se” no terreno e, “depois, de forma gradual e em função da evolução do incêndio”, vai “começar a retrair e a desmobilizar”.
Vaz Pinto disse também que foram deslocadas, por precaução, 1.459 pessoas e que foram “ativadas cinco zonas de apoio à população, que felizmente não vieram a ser necessárias” num prazo maior, porque as pessoas puderam entretanto regressar às suas residências.
“Foram retirados preventivamente 124 animais, com a ajuda da Direção-Geral de Veterinária e os veterinários municipais”, acrescentou.
O comandante reconheceu que “foram afetadas algumas habitações”, mas disse desconhecer “se são primeiras habitações, se são habitações de férias”, remetendo dados mais concretos para o “levantamento que está a ser feito agora pelos serviços municipais e pela GNR”, depois de a prioridade dos últimos dias se ter focado no combate ao fogo.
O presidente do município de Odemira, Hélder Guerreiro, deu depois conta de que uma unidade turística que ardeu quase na sua totalidade e uma residência de primeira habitação ficou destruída, ambas localizadas no Vale Juncal, em São Teotónio.
Classificando o incêndio como uma “tragédia”, o autarca disse que estes são dois “casos inequívocos” de destruição de edificado, mas referiu haver outras perdas que é preciso identificar, nomeadamente em Vale de Água, onde não houve casas ardidas, mas em que o fogo destruiu alguns anexos.
Já em Aljezur, o presidente do município, José Gonçalves, indicou ter conhecimento de uma casa ardida, que será uma casa de férias, na zona da Boavista, em Odeceixe.
O comandante de Proteção Civil do Algarve afastou ainda a ideia de ter havido qualquer dificuldade com o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) durante os dias da operação, que começou no sábado, quando o fogo deflagrou em Baiona, na freguesia de São Teotónio.
“Foi-me dado a conhecer que alguns órgãos de comunicação terão noticiado que tivemos problemas de comunicação, nomeadamente do SIRESP, isso é falso, é mentira”, observou Vaz Pinto, referindo que o dispositivo contou com “duas estações móveis, uma da GNR e outra da ANEPC [Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil]”, e que a operação não ficou comprometida por questões de falta de comunicações.
As causas do incêndio estão ainda a ser investigadas.
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