O Farense conquistou hoje a primeira vitória na I Liga portuguesa de futebol em mais de 18 anos, ao bater o Boavista por 3-1, no regresso ao Estádio São Luís, em encontro da sétima jornada da edição 2020/21.
Depois de três jogos no Estádio Algarve, o conjunto de Sérgio Vieira voltou a casa e ganhou com golos do escocês Ryan Gauld (22 minutos), do sérvio Nikola Stojiljkovic (50) e do brasileiro Eduardo Mancha (53), contra um de Angel Gomes (43).
Na classificação, o Farense subiu do 18.º e último ao 16.º lugar, com três pontos, enquanto o Boavista, que na última ronda tinha batido em casa o Benfica por 3-0, manteve-se com seis pontos, no 15.º posto.
O conjunto de Faro, que tinha somado dois empates e quatro derrotas nas primeiras seis rondas, somou o primeiro triunfo na prova desde o 3-2 ao Gil Vicente em 05 de maio de 2002, na 34.ª ronda de 2001/02, na anterior presença entre os ‘grandes’.
COMENTÁRIO: Farense estreia-se a ganhar no retorno ao São Luís
O Farense alcançou hoje a primeira vitória da época, ao bater o Boavista por 3-1, no regresso ao Estádio de São Luís, marcado por um início de segunda parte fulgurante dos algarvios, com dois golos em três minutos.
O médio escocês Ryan Gauld abriu o ativo, aos 22 minutos, e Angel Gomes empatou perto do intervalo (43), mas, no arranque do segundo tempo, os algarvios selaram o triunfo com golos de Stojiljkovic (50) e Eduardo Mancha (53), ambos após cantos.
O Farense subiu, provisoriamente, ao 16.º lugar da I Liga, com cinco pontos, os mesmos de Gil Vicente e Portimonense, que ainda joga hoje com o FC Porto, e o Boavista ocupa, também à condição, o 15.º posto, com seis.
De volta ao Estádio de São Luís, que não recebia um encontro do escalão principal há 18 anos e meio, Sérgio Vieira fez apenas uma alteração ao ‘onze’ do Farense na jornada anterior (empate 1-1 com o Belenenses SAD), com a entrada de Abner para o lugar do lesionado Fábio Nunes.
Já no Boavista, houve duas mudanças forçadas em relação à vitória concludente sobre o Benfica da última ronda (3-0): Ricardo Mangas e Miguel Reisinho, que tiveram testes positivos para o novo coronavírus, deram os seus lugares aos regressados Javi Garcia e Nuno Santos.
Num início de jogo muito monótono, com as duas equipas a exibirem alguma apatia ofensiva – o Farense, último classificado à entrada para esta ronda, necessitava imperiosamente do triunfo, mas começou apagado -, o único lance de perigo surgiu aos seis minutos, com um remate de fora da área de Paulinho, a escassos centímetros do poste direito da baliza de Rafael Defendi.
A partida prosseguiu com ambos os conjuntos ‘amarrados’ a meio-campo, mas voltaram a ser os ‘axadrezados’ a criar uma grande ocasião de golo: aos 21 minutos, Paulinho ultrapassou Abner e serviu Elis, que, ‘na cara’ de Rafael de Defendi, atirou à figura.
A reação do Farense foi eficaz, abrindo o marcador no seu primeiro remate da partida: na ‘ressaca’ de um cruzamento de Mansilla, que Javi Garcia cortou para a entrada da área, surgiu Ryan Gauld vindo de trás para finalizar com sucesso.
O Boavista ‘tremeu’ por alguns minutos e o Farense quase aproveitava para aumentar o marcador: o médio escocês esteve perto do segundo tento, aos 32 minutos, mas Léo Jardim, com uma grande defesa, evitou o cabeceamento perigoso.
Perto do fim da primeira parte, aos 43 minutos, um pouco em contracorrente, surgiu o empate, por Angel Gomes. O jogador ‘axadrezado’ conduziu a bola desde o início do meio-campo sem oposição e, junto à ‘meia-lua’, atirou colocado junto ao poste esquerdo da baliza de Defendi.
No reatamento da partida, o Farense foi demolidor, ‘cavando’ uma diferença de dois golos no espaço de três minutos na sequência de dois cantos.
Primeiro, aos 50 minutos, Stojiljjovic assinou o 2-1, com um cabeceamento certeiro após canto de Ryan Gauld da direita, e, aos 53, foi o central Eduardo Mancha a cabecear com sucesso, desta vez com canto da esquerda marcado por Amine.
O Boavista ‘acusou’ a reentrada fulminante dos algarvios e, apesar de ter tido mais posse de bola, não conseguiu ultrapassar a barreira defensiva do Farense, que, desta vez, conseguiu segurar a diferença de dois golos no marcador – já tinha desperdiçado uma vantagem do género no empate com o Famalicão (3-3) – para somar três pontos.
Os ‘axadrezados’, sem substituições disponíveis, jogaram o período de descontos em inferioridade numérica após a saída, devido a lesão, de Benguche, que tinha entrado minutos antes e teve de ser assistido após um choque com Rafael Defendi, saindo com um colar cervical para os balneários, onde acabou por recuperar sem maior gravidade, viajando com a equipa para o Porto.
Declarações dos treinadores
– Sérgio Vieira (treinador do Farense): “Foi um regresso em grande. Era aquilo que vínhamos sentindo durante a semana, que ia ser um jogo especial, num estádio especial, dedicado a pessoas especiais, os nossos adeptos.
Foi uma vitória dedicada a todas as pessoas que estão envolvidas, de uma forma muito forte, em termos emocionais, na nossa caminhada longa e dura. Por isso, foi um desfecho importante e merecido.
Nós preparámos este jogo como temos vindo a preparar os outros. Com muito rigor, organização, sabendo que temos atletas capazes de interpretar todas as ideias que lhes passamos. Sabíamos que tínhamos tido seis jogos muito bons, com posse de bola, com oportunidades, com domínio sobre os nossos adversários, mas infelizmente os pontos não estavam a vir.
Tivemos uma postura mais cautelosa em alguns momentos, com o objetivo de não nos expormos tanto ao erro. Apesar disso, chegámos à vantagem, com oportunidade de ampliar ainda na primeira parte.
Infelizmente, sofremos o golo do empate com muito mérito do Boavista, mas isso não mexeu com os nossos jogadores, que continuaram determinados em interpretar o que tínhamos definido para conseguir conquistar os pontos e, em jogadas estratégicas que nós trabalhamos, saiu tudo como planeado e fomos uns justos vencedores.
[Paragem é boa ou má?] É subjetivo. Queríamos jogar já no próximo fim de semana, para continuar nesta dinâmica. Mas não tendo jogo esta semana, cabe-nos planear cada momento com os objetivos que existem. Será tempo de reforçar as dinâmicas e, quando o campeonato regressar, lá estaremos preparados para conquistar os nossos objetivos”.
– Vasco Seabra (treinador do Boavista): “Foi um jogo que nós iniciámos melhor. Tivemos condições para ficar na frente do marcador primeiro. Acabámos por sofrer contra a corrente, conseguimos reagir e manter-nos estáveis, chegando ao intervalo empatados.
Na segunda parte, penso que a toada se manteve, nós com mais iniciativa e, um bocadinho contra a corrente, o Farense acaba por fazer o segundo golo. Isso abalou-nos e logo de seguida sofremos o terceiro.
Depois, ficámos muito instáveis emocionalmente. Tentámos de tudo para poder reduzir e reentrar no jogo, mas não conseguimos”.
Jogo no Estádio de São Luís, em Faro
Farense – Boavista, 3-1
Ao intervalo: 1-1
Marcadores:
1-0, Ryan Gauld, 22 minutos.
1-1, Angel Gomes, 43.
2-1, Stojiljkovic, 50.
3-1, Eduardo Mancha, 53.
Equipas:
– Farense: Rafael Defendi, Alex Pinto, Cláudio Falcão, Eduardo Mancha, Abner, Fabrício Isidoro (Filipe Melo, 21), Amine, Bilel (Bura, 85), Ryan Gauld, Mansilla (Hugo Seco, 85) e Stojiljkovic (Patrick, 73).
(Suplentes: Hugo Marques, Bandarra, Ricardo Ferreira, Filipe Melo, Bura, Hugo Seco, Madi Queta, Alvarinho e Patrick).
Treinador: Sérgio Vieira.
– Boavista: Léo Jardim, Devenish, Javi Garcia (Yusupha, 56), Chidozie, Cannon, Show, Nuno Santos (Seba Pérez, 76), Hamache (Juwara, 86), Paulinho (Gustavo Sauer, 76), Angel Gomes (Benguche, 86) e Elis.
(Suplentes: Rafael Bracali, Jackson Porozo, Seba Pérez, Gustavo Sauer, Benguche, Yusupha, Juwara, De Santis e Tiago Morais).
Treinador: Vasco Seabra.
Árbitro: Vítor Ferreira (Braga).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Angel Gomes (09), Abner (40), Filipe Melo (67) e Mansilla (75).
Assistência: Jogo realizado à porta fechada devido à pandemia de covid-19