A ausência de público do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 vai limitar a ocupação hoteleira às unidades próximas a Portimão, onde as taxas podem oscilar entre 50% e 85%, disseram fontes de grupos hoteleiros à Lusa.
O diretor regional de operações de ‘resorts’ para Algarve e Marbelha, em Espanha, do grupo Tivoli, Jorge Beldade, disse à agência Lusa que a falta de público na prova algarvia – a terceira do Mundial de Fórmula 1 de 2021, a disputar entre sexta-feira e domingo – vai concentrar cerca de 10.000 pessoas de equipas, logística e organização só na zona de Portimão e Lagos, em vez de em todo o Algarve, como aconteceria com lotação completa.
Pedro Lopes, do grupo Pestana, que apenas tem em funcionamento dois hotéis na zona de Alvor, quantificou a ocupação esperada durante a prova em cerca de 50%, entre elementos de equipas e da Federação Internacional do Automóvel (FIA), e destacou a importância de a corrida se realizar na região, mesmo sem público, quando as outras unidades ainda permanecem fechadas por falta de turismo internacional.
“Pelo facto de a Fórmula 1 não ter público, obviamente que o impacto na região é menor. Portanto, em relação aos nossos hotéis, nós temos um hotel aberto naquela região, que é o Tivoli Marina de Portimão, o hotel que fica mais próximo do autódromo, e aí sim, temos uma ocupação bastante elevada, na ordem dos 85%”, afirmou Jorge Beldade, frisando que aí o “impacto realmente é muito grande”.
O também vice-presidente da Associação de Turismo do Algarve (ATA) e da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) lembrou que, no ano passado, o Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1, igualmente no Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão, se realizou “com uma capacidade mesmo assim limitada, em outubro”, e o grupo Tivoli conseguiu ter “clientes para a Fórmula 1 até em Vilamoura”, onde tem dois hotéis, um deles na marina.
“Se estivéssemos a falar da capacidade máxima do AIA, todo o Algarve iria ficar muito próximo do cheio”, contrapôs o responsável do grupo hoteleiro, frisando que, “só na parte logística”, a prova arrasta “10.000 pessoas que têm a ver com a Fórmula 1, independentemente de haver público ou não”.
Jorge Beldade desvalorizou o impacto do encerramento de restaurantes e outro comércio imposto ao concelho de Portimão devido ao número de casos de covid-19.
“A situação de Portimão não gera problemas, porque toda a parte logística está em redor do autódromo, entre Portimão e Lagos, e estão em ‘bolhas’”, explicou, aludindo à organização sanitária para a competição, a fim de evitar o surgimento de novas infeções.
Pedro Lopes, do grupo Pestana, classificou como “positivo” ter a Fórmula 1 em Portugal, pela “visibilidade que dá em termos de televisões internacionais”, mas reconheceu ser “uma pena que não possa ter público, porque vai-se ver um autódromo vazio e sem ninguém”.
“Estão cá as equipas hospedadas, mas não vem mais ninguém de fora para ver o evento. É uma pena, mas os números [da pandemia] são os que são e ultrapassam-nos. Mas mais vale ter o Grande Prémio, do que não ter”, afirmou, manifestando o desejo de, no futuro, a prova seguir em Portugal, porque ter a Fórmula 1 “dá credibilidade a um destino” turístico como o Algarve.
Sobre a ocupação nas únicas duas unidades do grupo Pestana abertas no Algarve, situadas em Alvor e que contam “com um número significativo de quartos”, a mesma fonte disse que hospedam “quatro equipas e a federação” e “vão ficar em média, as duas, a 50%” da ocupação.
Pedro Lopes disse ainda que o recuo no desconfinamento em Portimão, devido a risco elevado de infeção por covid-19, provocou “quebras de reservas” nessas unidades, mas frisou que estas tiveram a ver com o turismo em geral e “é muito positivo ter as equipas” nos hotéis do grupo.
A 18.ª edição do Grande Prémio de Portugal vai ser disputada entre sexta-feira e domingo, no AIA, em Portimão, pelo segundo ano consecutivo, naquela que vai ser a terceira prova do Mundial de 2021.