A atleta do Clube Oriental de Pechão, Ana Cabecinha, diz que sentiu hoje uma “explosão de alegria” ao cortar a meta, em Olhão, como vencedora do campeonato nacional de 20 quilómetros marcha em estrada, assegurando o apuramento para os Jogos Olímpicos Tóquio2020.
“Estava difícil porque, no ano passado, fiz as provas todas em cima da marca de qualificação. Fiquei a seis segundos, a 10, a 12 e tudo isso começou a mexer na minha cabeça. Por isso, hoje foi uma explosão de alegria conseguir voltar a fazer a marca de qualificação”, sublinhou a atleta do Clube Oriental de Pechão.
Ana Cabecinha, de 36 anos, natural de Santiago Maior, no distrito de Beja, mas radicada em Olhão desde criança, sagrou-se campeã nacional de 20 km marcha pela sétima vez, com um registo de 1:30.18 horas, abaixo da marca de qualificação olímpica (1:31.00).
“Foi um ano tão complicado que termina da melhor maneira, com os mínimos olímpicos. 2020 foi um ano conturbado, mas foi bom conseguir os mínimos já e ficar descansada”, disse a marchadora, que vai participar nos seus quartos Jogos Olímpicos.
Para Ana Cabecinha, que já não competia em 20 km marcha há mais de um ano, nos Mundiais de Doha (Qatar), em setembro de 2019, gerir a parte emocional no início da prova foi o mais complicado, também por estar a competir em ‘casa’: “Entusiasmei-me e paguei a fatura nos quilómetros finais”, referiu.
Agora, vai seguir-se a preparação para os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para 2021 devido à pandemia de covid-19: “Já posso, mentalmente, estar mais tranquila. A partir do momento em que estou estável, sei que consigo tirar muito melhores resultados, melhores provas e melhores marcas”, afirmou.
Ana Cabecinha, oitava classificada em Pequim2008, nona em Londres2012 e sexta no Rio2016, aponta, novamente, ao ‘top 10′ em Tóquio, até porque esse resultado pode servir de motivação para continuar a carreira.
“Queria acabar a carreira em Tóquio, mas, faltando três anos para Paris2024, se me mantiver como finalista e no ‘top 10′, vou ponderar estar ainda em Paris, em 2024, e acabar com cinco Jogos Olímpicos. Vamos etapa a etapa: primeiro, esperar que a pandemia nos deixe treinar e competir, fazer melhores marcas e chegar na melhor forma possível a Tóquio, onde tudo se decidirá”, concluiu.
Inês Henriques foi vice-campeã nacional, com um tempo de 1:36.15 horas, que a surpreendeu, uma vez que, depois de a prova de 50 km marcha ter sido excluída de Tóquio2020, teve de virar o foco para os 20 km.
“Tenho tido uma série de problemas. Duas roturas no espaço de dois meses, estou a treinar especificamente para os 20 km há quatro semanas. Queria fazer na ‘casa’ das 1:36.00 horas, fiz 1:36.14. É muito positivo porque o treino que tenho não revelava fazer isto”, apontou a marchadora do Clube de Natação de Rio Maior.
Caso não atinjam a marca de qualificação olímpica, as atletas serão apuradas consoante um ‘ranking’ mundial que soma as pontuações em provas de apuramento, com um limite de até 60 marchadoras presentes em Tóquio2020.
“A prova que eu fiz deu boas indicações de que o corpo está a responder. Vou continuar a trabalhar para a qualificação olímpica”, disse Inês Henriques, que para Paris2024 sonha agora poder competir nos 35 km marcha mistos, prova em estudo pela federação mundial.
A sportinguista Catarina Costa completou o pódio do campeonato nacional de 20 km marcha, em 1:37.42 horas.
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