A diretora-geral da Saúde afirmou esta quarta-feira que a DGS não esteve “surda nem cega” ao que foi dito sobre a vacinação dos adolescentes, mas salientou que esta decisão tinha de basear-se num parecer técnico.
Graça Freitas respondia a questões levantadas na conferência de imprensa em que recomendou a vacinação universal das crianças e jovens entre os 12 e os 15 anos, sobre as várias opiniões dadas ao longo dos últimos dias a defenderem esta medida, e se a decisão foi tomada apenas com critérios científicos ou se teve também uma percentagem de decisão política.
“Obviamente, não estivemos surdos nem cegos a tudo o que foi sendo dito, mas a decisão foi baseada num parecer da Comissão Técnica de Vacinação sobre o qual a Direção-Geral de Saúde não tem a mínima intervenção”, salientou.
Quanto às “variadíssimas opiniões” que têm acontecido sobre a pandemia, Graça Freitas afirmou que “a diversidade de opiniões é um bem em si”: “Estamos numa democracia. As pessoas que têm informação privilegiada ou que têm a sua opinião podem e devem dá-la”.
E, sustentou, a DGS ouve as opiniões e o que se passa, “não está alheada das circunstâncias”, mas centra-se nos dados que tem de “forma objetiva”, sendo para isso que tem comissões técnicas independentes.
A Direção-Geral da Saúde tem um grupo interno que também trabalha a área das vacinas e das doenças infecciosas e se a recomendação da Comissão Técnica de Vacinação “for bem sustentada, bem baseada como tem sido”, a DGS acata essa recomendação e foi o que aconteceu desta vez, explicou.
No dia 30 de julho, quando a DGS emitiu o primeiro comunicado, considerou, ouvidos os pediatras e a Comissão Técnica de Vacinação, que produziu um parecer, “não havia ainda a totalidade dos dados que dessem segurança para recomendar de forma universal a vacinação desta faixa etária”.
Referiu ainda que quando se abre o acesso a todos à vacina de uma faixa etária, “não é uma avaliação personalizada entre um médico e um doente, é uma decisão universal”.
“Nós temos que estar certos à data, com o que sabemos, com os dados que temos, que os benefícios superam os riscos e que esses riscos são conhecidos, são controlados, são mínimos, têm um caráter e uma evolução benigna e são extremamente raros e, há 10 dias, faltava-nos alguma informação, nomeadamente gerada na União Europeia”, disse, ressalvando que os EUA também “produz ótimos dados”.
De qualquer maneira, a DGS preferiu aguardar “uns dias” para que saíssem mais dados para consolidar a sua decisão.
Presente na conferência, Luís Graça, membro da Comissão Técnica de Vacinação Covid-19, afirmou que Portugal está num grupo de países que teve “uma atitude mais prudente” de aguardar por mais resultados antes de alargar esta recomendação.
O especialista sublinhou que é consensual que “o maior benefício” que a população dos 12 aos 15 anos recebe da vacinação é em termos do seu bem-estar, de saúde mental, e do seu bem-estar educacional.
“Isto é algo que é importante e tem de ser valorizado também no processo de tomada de decisão”, defendeu Luís Graça, considerando que “há o momento adequado para a tomada de decisões”, para garantir que são feitas “com prudência” e que podem manter a confiança da população portuguesa no processo da vacinação.