A morte de Isabel II vai obrigar a mudanças em muitos aspetos do quotidiano no Reino Unido, uma vez que, com a ascensão ao trono de Carlos III, haverá alterações no hino nacional, moedas e notas, selos e passaportes.
Isabel II, que morreu esta quinta-feira aos 96 anos, após 70 anos no trono, foi a Rainha britânica com maior longevidade e também com o mais longo reinado.
Dinheiro e selos
O rosto do novo Rei Carlos III vai começar a surgir nas moedas e nas notas no Reino Unido e em outros países do mundo, substituindo o perfil da Rainha Isabel II.
A efígie de Carlos III também aparecerá em várias outras moedas usadas no Canadá, Austrália, Nova Zelândia e nalguns países das Caraíbas.
O mesmo acontecerá nas ilhas do Canal de Jersey, Guernsey, na ilha de Man, bem como em Gibraltar, Santa Helena e nas Malvinas (Falkland, para os ingleses), ilhas e territórios controlados pela Coroa Britânica.
Em 1936, durante o reinado do Rei Eduardo VIII, que durou 326 dias, as moedas foram cunhadas, mas o monarca abdicou antes de entrarem em circulação.
O rosto de Isabel II também aparece nos selos enquanto as letras ‘EIIR’, acrónimo de Elizabeth II Regina, são afixadas nas caixas de correio, o que irá também ser alterado, o mesmo sucedendo com as insígnias dos capacetes da polícia britânica.
Hino nacional e passaportes
O hino nacional britânico vai passar a intitular-se “God Save The King”, versão masculina das palavras (passa de “Queen” — rainha — para “King” — rei).
Um hábito que, sem dúvida, será difícil mudar para os britânicos, que cantam “God Save the Queen” desde 1952. É também um dos dois hinos nacionais da Nova Zelândia, o hino real na Austrália e no Canadá, que também têm o seu próprio hino.
Por outro lado, o texto na capa interna dos passaportes do Reino Unido, emitido em nome da coroa, precisará ser atualizado, assim como o texto semelhante que aparece nos passaportes australianos, canadianos e neozelandeses.
Sempre que houver uma saudação durante as reuniões oficiais em que se é obrigado a levantar o copo terá agora de dizer-se “Rei” em vez de “Rainha”.
Nas Ilhas do Canal, a fórmula não oficial “A Rainha, Nosso Duque”, pronunciada em francês, “La Reine, Notre Duc”, passará, também na língua gaulesa, a ser saudada como “Le Roi, Notre Duc”.
Política e direitos
Os nomes do Governo de Sua Majestade (“Her Majesty”), como os utilizados no Tesouro e na Alfândega, serão alterados para versão masculina “His Majesty”.
Mudará também para “O Discurso do Rei” e não o da Rainha a intervenção que apresenta no Parlamento o programa do Governo, a abrir a sessão parlamentar.
A Guarda da Rainha, imortalizada pelos turistas em frente ao Palácio de Buckingham, em Londres, também mudará de nome.
A polícia deixará de usar as penas da rainha, mas as do rei e os advogados conselheiros passarão do status de “QC” (“Conselho da Rainha”) para o de “KC” (“Conselho do Rei”).Os prisioneiros deixarão de ser detidos em nome de “Her Majesty”, alterando-se a designação para “His Majesty”.
No Exército, os novos recrutas deixarão de receber o “xelim da Rainha”, ao alistarem-se, como indica o protocolo. Deixarão, assim, de se submeter aos regulamentos da Rainha.
O nome do “Her Majesty’s Theatre”, no distrito dos teatros do West End, em Londres, onde “O Fantasma da Ópera” é apresentado desde 1986, também será alterado para a versão masculina.
E aqueles que aspiram a falar inglês com o sotaque mais chique possível, “o inglês da Rainha”, terão agora de se esforçar para falar como Carlos III: “o inglês do Rei”.