A variante britânica da covid-19 foi detetada em 28 concelhos portugueses. Agora, foi confirmada a sua presença em amostras recolhidas em Faro e em Tavira.
A hipótese já havia sido levantada pelas autoridades de saúde para justificar o aumento exponencial de casos em Tavira e confirma-se agora. Faro consta também como um dos concelhos algarvios onde se registou a presença desta variante, depois da análise do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA)
O presidente da ARS Algarve explica à TVI que “tendo o Algarve a maior comunidade inglesa residente e ainda o aeroporto internacional, aquilo que esperávamos era que ela [a estirpe britânica do vírus] chegasse cá”. Paulo Morgado afirma que a situação era mesmo “inevitável”. Contudo, esta descoberta “é uma justificação para o aumento de casos, mas não é a única razão”. O responsável pela ARS da zona mais a sul do país deixa claro que esta “não é a única mutação que está em circulação”.
De acordo com o INSA, esta nova variante é responsável já por 15% das infeções a nível nacional e está já presente em todas as regiões, revela Paulo Morgado. Não há medidas especiais para controlar a estirpe britânica e a única forma de contornar os números é mesmo seguir as recomendações já emitidas pela Direção-Geral de Saúde (DGS).
O Município de Tavira anunciou ontem as medidas excecionais e temporárias de prevenção e controlo à pandemia, num momento em que atravessamos mais um estado de emergência e um novo confinamento. A juntar a isto, o concelho algarvio encontra-se em risco extremamente elevado e tem ainda a nova estirpe inglesa, considerada mais contagiosa.
Em Tavira, são conhecidos alguns surtos, como num ginásio e num lar, que somam dezenas de infetados. Segundo o boletim epidemiológico divulgado pelo concelho ontem, são agora confirmados mais 1117 casos. Estão em isolamento 865 pessoas, enquanto 694 estão recuperadas. Em termos de casos ativos, Tavira tem 498 e soma 15 óbitos.
No concelho de Faro, a autarquia revelou no dia de ontem um total de 1688 casos confirmados. Em termos de recuperados, Faro tem agora 1105 pessoas. Os casos ativos são 574 e óbitos, em registo de cumulativo, estão contabilizados 9.
A região do Algarve tinha ontem notificados 328 novos casos (3,1%), somando 11.710 infeções e 111 mortos.
ALGARVE MANTÉM CAPACIDADE DE RESPOSTA
O secretário de Estado e coordenador do combate à covid-19 no Algarve afirmou ontem que a região está a conseguir dar resposta ao agravamento da situação epidemiológica na região, embora exista “uma grande pressão” sobre os profissionais de saúde.
“Apesar do agravamento dos casos de infeção, com os números a subirem de forma consistente, até ao momento, os serviços têm conseguido dar uma resposta rápida e eficaz aos casos identificados”, disse Lusa Jorge Botelho.
De acordo com Jorge Botelho, que além de coordenador do combate à covid-19 no Algarve é também secretário de Estado da Descentralização e Administração Local, apesar da resposta eficaz ao número de infeções verificadas nos últimos dias na região, “existe um esforço acrescido dos profissionais de saúde para lidar com esta situação de verdadeira crise”.
“Além da preocupação que mantemos com as residências de idosos, a nossa outra maior preocupação é a resposta hospitalar”, destacou o governante.
Jorge Botelho disse esperar que a sobrecarga hospitalar “não atinja o limite do Serviço Nacional de Saúde” (SNS) e não leve a que “a resposta tenha de ser feita por outras opções para o tratamento dos doentes”.
“Perspetivando todos os cenários, têm sido tomadas medidas pró-ativas, nomeadamente pelo Centro Universitário e Hospitalar do Algarve (CHUA), para tentar estar um passo à frente da capacidade de resposta instalada, tanto ao nível dos profissionais como de camas de internamento”, indicou.
“CORRIDA À VACINA” COMEÇA NOS LARES DE IDOSOS DO ALGARVE
A primeira fase da vacinação contra a covid-19 já arrancou nos lares de idosos e unidades de cuidados continuados do Algarve. O objetivo é abranger 9.000 utentes e profissionais até final do mês de fevereiro, anunciou a Administração Regional de Saúde (ARS) Algarve.
Os primeiros a receber a vacina foram os lares e unidades da rede de cuidados continuados de Albufeira e de Tavira. A entidade gestora dos cuidados de saúde na região justifica o início do processo de vacinação em Albufeira e Tavira, com o critério de prioridades definido pela Direção-Geral da Saúde (DGS) que coloca os dois concelhos em risco elevado de contágio.
Reconhecendo o simbolismo da vacinação, Paulo Morgado estima que “vamos vacinar ao longo desta semana cerca de 900 utentes e profissionais das instituições destes concelhos. No total, estimamos que, durante os meses de janeiro e de fevereiro, as equipas dos nossos três ACeS, vacinem cerca de 9 mil utentes e profissionais destas estruturas, incluindo também as não legalizadas, de acordo com o levantamento que foi efetuado junto dos serviços competentes”.
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