A Sea4Us, uma empresa de biotecnologia de recursos marinhos, localizada em Sagres, que fez Spin-off da Nova Medical School em 2013, recebeu 5,96 milhões de euros para avançar com os testes clínicos que vão permitir trazer para o mercado um novo analgésico, não-opióide e de inspiração marinha, com grande eficácia para o tratamento da dor crónica, um problema que afeta 1,6b de pessoas em todo o mundo.
O analgésico desenvolvido pela Sea4Us permite tratar os pacientes, eliminando os efeitos secundários dos atuais medicamentos à base de opióides, sem comprometer a sua eficácia.
Desde que arrancou, em março de 2021, o European Innovation Council (EIC) já financiou empresas Deep tech nacionais em cerca de 73,1 milhões de euros (M€) no EIC Accelerator, o principal instrumento da iniciativa integrada no Pilar III do Horizonte Europa.
Na performance nacional, destacam-se os resultados recorde no EIC Accelerator, na ronda de financiamento de junho, com duas empresas próximas de atingir o valor máximo atribuído que é de 17,5 M€. Foram elas a PICadvanced e a Targtex. Também com financiamento muito significativo, destaca-se a Sea4Us.
As três tecnológicas usarão o financiamento para terminar o desenvolvimento e trazer para o mercado tecnologias que irão dar resposta a grandes desafios da indústria.
As empresas, na área dos componentes optoelectrónicos, da biotecnologia de recursos marinhos e dos fármacos aplicados ao combate ao cancro, têm vindo a ser apoiadas pela Agência Nacional de Inovação (ANI), no acesso a financiamento, através da rede de Pontos de Contacto Nacional ao Horizonte Europa e pela Enterprise Europe Network (EEN). A participação nacional no EIC é acompanhada pela ANI no âmbito da rede PERIN.
O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, felicita as empresas portuguesas pelo “resultado extraordinário alcançado e que posiciona Portugal como o segundo país da UE com mais financiamento aprovado em termos absolutos. Esta é mais uma demonstração clara do caminho que o país está a percorrer afirmando-se como um centro de inovação e de conhecimento capaz de produzir soluções tecnológicas avançadas”.
“As áreas premiadas evidenciam a capacidade de Portugal e das empresas portuguesas para marcarem a diferença com propostas tecnológicas e científicas avançadas na biotecnologia de recursos marinhos, na geração de componentes optoelectrónicos e na área das ciências da saúde. Estes resultados, combinados com o aumento de 7,6 % no registo de patentes em 2022 e com os programas em curso para a mudança da economia portuguesa, aumentando a sua capacidade para criar mais valor incorporando a nova geração de tecnologias digitais, são um fator de confiança e de esperança no futuro”, destaca.
Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, congratula os resultados das empresas nacionais e considera que “a participação nacional registada no Horizonte Europa reafirma a posição de Portugal, em termos internacionais, enquanto um país de ciência e enquanto um Estado-Membro que tem vindo a reforçar e a promover a relação entre a comunidade académica e o setor empresarial, catalisando, dessa forma, o desenvolvimento científico nacional”.
Já António Grilo, presidente da ANI refere que “Portugal tem vindo a ter uma performance extremamente positiva no Horizonte Europa e este balanço no acesso a financiamento por via do EIC tem sido completamente extraordinário. Nesta ronda de financiamento, Portugal tem a maior percentagem de candidaturas aprovadas – 23% (3 em 13) – e foi o segundo país com mais financiamento aprovado em termos absolutos, logo a seguir à França que conseguiu 106,5 M€ para 12 empresas. Em terceiro lugar vem a Alemanha, seguida pela Holanda e a Bélgica”.
“É importante continuarmos a trabalhar para apoiar estas empresas a competir por mais financiamento a nível internacional e trazer mais prestígio e competitividade para as tecnológicas nacionais. Isto é um sinal claro de que os investigadores em Portugal demonstram não só excelência a nível científico e tecnológico, mas também estão a ter um elevado nível empreendedor, pois estão a fundar start-ups Deep tech que se vão tornar líderes a nível mundial”, salienta.
O EIC Accelerator quer apoiar start-ups e PME com tecnologias disruptivas a desenvolverem os seus negócios à escala global, através da oferta de financiamento a fundo perdido até 2,5 milhões de euros combinado com investimentos de capital próprio até 15 milhões de euros vindo do Fundo do EIC. Além do apoio financeiro, todos as empresas beneficiam de Serviços de Aceleração de Negócios que proporcionam acesso a oportunidades de investimento e crescimento a nível mundial.
Desde a abertura dos concursos do Accelerator do EIC, em março de 2021, Portugal já somou perto de 73,1 milhões de euros para 13 empresas tecnológicas nacionais trazerem as soluções mais disruptivas para o mercado mundial.
Os concursos do European Innovation Council são muito competitivos, uma vez que recebem candidaturas de empresas de todos os países da União Europeia e outros associados ao Horizonte Europa, como por exemplo, Suíça e Israel.
Leia também: Estudo de investigador da UAlg traz importantes descobertas associadas à perda muscular