O Município de Portimão determinou luto municipal no dia 31 de outubro, data em que se realizarão as cerimónias fúnebres da ilustre portimonense Margarida Tengarrinha, que faleceu esta quinta-feira.
Nascida em Portimão no ano de 1928, os seus 95 anos de vida enformam um percurso notável, digno de ser lembrado e homenageado pelas atuais e novas gerações.
“Apaixonada por todas as artes, e especialmente dotada para a pintura e a literatura, onde se distinguiu Maria Margarida Carmo Tengarrinha Campos Costa dedicou grande parte da sua vida a combater o regime salazarista, tendo sido mesmo forçada a passar à clandestinidade”, refere a autarquia em comunicado.
Durante os cerca de vinte anos que passou na clandestinidade, uma das suas principais tarefas foi a atividade de jornalista em órgãos de imprensa do PCP, como os jornais “Avante!”, “A Terra” (para os camponeses do Norte) e “A Voz das Camaradas” (boletim para as mulheres clandestinas), bem como a Rádio Portugal Livre.
Eleita para o Comité Central do PCP e deputada pelo Algarve à Assembleia da República
Depois do 25 de Abril de 1974, foi eleita para o Comité Central do PCP e deputada pelo Algarve à Assembleia da República, cargo exercido de 1979 a 1987. Também foi membro da Assembleia Municipal de Portimão.
Terminado o último mandato na Assembleia da República, regressou definitivamente a Portimão. Desde então dedicou-se à pintura, tendo realizado várias exposições, iniciando também uma atividade pedagógica intensa, dando aulas de História da Arte no Instituto de Cultura de Portimão – Universidade Sénior.
Além de ter escrito os livros “Samora Barros, Pintor do Algarve”, editado pela Região de Turismo do Algarve em 1990, “Da Memória do Povo” – recolha da literatura popular de tradição oral”, publicado com o apoio da Câmara Municipal de Portimão pela editora Colibri em 1999, e “Quadros da Memória”, pelas Edições Avante em 2004, entre numerosas comunicações aos congressos do Algarve organizados pelo Racal Clube de Silves, entrevistas e artigos em vários órgãos de imprensa e conferências.
Com o irmão, o professor doutor José Manuel Tengarrinha, fez oferta do terreno onde se encontram instalados o Centro de Apoio a Idosos da Raminha e A Catraia – Centro de Acolhimento Temporário para Menores em Risco, ambos em Portimão.
Antes do Prémio Regional “Maria Veleda”, que lhe foi atribuído em 2014 pela Direção Regional de Cultura do Algarve, Margarida Tengarrinha foi distinguida em 2005 pelo Município de Portimão com a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro.
No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, que estão a decorrer, o Município de Portimão apoiou a produção de diversas iniciativas culturais em torno da figura de Margarida Tengarrinha, nomeadamente o filme “Clandestina”, de Maria Mire, baseado no livro “Memórias de uma Falsificadora”, também escrito por Margarida Tengarrinha, que foi estreado no início desta semana no Festival Doclisboa e será brevemente apresentado em Portimão.
O Município de Portimão endereça “à família enlutada as mais sentidas condolências”.
PS Algarve lamenta falecimento da primeira mulher algarvia eleita deputada à Assembleia da República
Também a Federação do Algarve do Partido Socialista expressa, em comunicado, “a sua solidariedade e pesar pelo falecimento de Margarida Tengarrinha, primeira mulher algarvia eleita deputada à Assembleia da República”.
“O seu exemplo impar de lutadora pela liberdade e de combate ao regime fascista e o seu singular papel cívico enquanto intelectual, tanto como escritora como pintora, merece dos socialistas algarvios o maior reconhecimento”, pode ler-se.
O PS Algarve apresenta “sentidas condolências à família de Margarida Tengarrinha, aos seus amigos, ao seus camaradas do Partido Comunista Português e ao município de Portimão”.
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