O Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, apresentava hoje um total de 169 doentes com covid-19 internados, dos quais 18 em cuidados intensivos, com a unidade hospitalar a admitir um “cenário de pré-catástrofe”, caso a situação se mantenha.
Segundo informou a unidade hospitalar, a par dos pacientes na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), 148 doentes estão internados em enfermaria e outros três estão na Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD).
“Hoje, dia 16 de janeiro de 2021, e em enfermaria, o hospital volta a registar um crescimento dos doentes internados positivos para a infeção por SARS-Cov-2 e a ajustar a lotação afeta à covid-19, de modo a acomodar a necessidade do número de doentes internados positivos”, referiu o HGO num comunicado.
Na mesma nota informativa, a unidade hospitalar indicou que se mantém uma “enorme pressão assistencial”, devido à elevada procura de doentes covid-19 e doentes não covid-19, situação que “dura há mais de 10 semanas”, o que fez recorrer o HGO “a transferências para outros hospitais do país”.
“O HGO permanece no nível III do seu Plano de Contingência, apresentando à data de hoje uma taxa de ocupação superior a 250%, relativamente ao que previa o Plano de Contingência, nomeadamente de 66 camas em enfermaria e nove de cuidados intensivos, destinadas a doentes positivos para SARS-CoV-2”, precisou a estrutura hospitalar, frisando: “Situação a manter-se coloca hospital em cenário de pré-catástrofe”.
Perante tal cenário de pressão e a elevada procura de doentes (pacientes covid-19 e não covid-19), o HGO informou que tem vindo a realizar reafetações sistemáticas de circuitos e espaços, como a conversão de camas de enfermaria cirúrgicas, em camas médicas.
“Mas as conversões de camas, necessárias no HGO, abrangem também as áreas médicas. No total, e só na última semana, o total de camas reafectadas no hospital foi de 35”, indicou a unidade hospitalar, que destacou ainda o “elevado esforço e dedicação” dos profissionais daquela estrutura, conduta essa, “apesar dos níveis de exaustão que revelam”, tem sido “fator determinante para assegurar as soluções adequadas aos doentes”.
ALGARVE MANTÉM, PARA JÁ, CAPACIDADE DE RESPOSTA
Jorge Botelho adiantou que o Algarve tem atualmente uma capacidade “razoável de internamento”, com a abertura de 100 camas extra para doentes covid no pavilhão Portimão Arena. Neste espaço, estão já internados 20 doentes covid-19 vindos de Lisboa, segundo informações da TVI.
O secretário de Estado e coordenador do combate à covid-19 no Algarve afirmou que a região está a conseguir dar resposta ao agravamento da situação epidemiológica na região, embora exista “uma grande pressão” sobre os profissionais de saúde.
“Apesar do agravamento dos casos de infeção, com os números a subirem de forma consistente, até ao momento, os serviços têm conseguido dar uma resposta rápida e eficaz aos casos identificados”, disse à agência Lusa Jorge Botelho.
De acordo com Jorge Botelho, que além de coordenador do combate à covid-19 no Algarve é também secretário de Estado da Descentralização e Administração Local, apesar da resposta eficaz ao número de infeções verificadas nos últimos dias na região, “existe um esforço acrescido dos profissionais de saúde para lidar com esta situação de verdadeira crise”.
“Além da preocupação que mantemos com as residências de idosos, a nossa outra maior preocupação é a resposta hospitalar”, destacou o governante.
Jorge Botelho disse esperar que a sobrecarga hospitalar “não atinja o limite do Serviço Nacional de Saúde” (SNS) e não leve a que “a resposta tenha de ser feita por outras opções para o tratamento dos doentes”.
“Perspetivando todos os cenários, têm sido tomadas medidas pró-ativas, nomeadamente pelo Centro Universitário e Hospitalar do Algarve (CHUA), para tentar estar um passo à frente da capacidade de resposta instalada, tanto ao nível dos profissionais como de camas de internamento”, indicou.
Segundo Jorge Botelho, o aumento da capacidade de internamento hospitalar passou também pela “retirada de dezenas de utentes idosos há muito internados nos hospitais, mas sem critérios para ali permanecerem”.
“Foram retiradas pessoas idosas que permaneciam em meio hospitalar que foram instaladas em equipamentos sociais, nomeadamente em residências de idosos, num trabalho conjunto entre a Segurança Social e a administração hospitalar”, sublinhou.
Jorge Botelho apelou para que as pessoas cumpram as normas emanadas pela Direção-Geral de Saúde (DGS) e evitem as situações de risco “de forma a que o Algarve continue a ter capacidade para responder à pandemia da covid-19 e de tratar todos os outros utentes com outras patologias”.
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