A médica anestesista do hospital de Faro, Rosina Andrade, partilhou o seu testemunho nas redes sociais. Fala do serviço de cirurgia, e dá o seu relato, quer como anestista, quer como paciente. Revela não conhecer a médica Diana Pereira, que denunciou recentemente 11 casos de negligência médica, mas que se solidariza com ela, e que ela mesma, não teve a mesma coragem.
A médica anestesista chama-se Rosina Andrade e começa por relatar no seu Facebook pessoal “não conheço a colega Diana Carvalho Pereira, embora médicas no mesmo hospital, eu encontro-me em fim de carreira atraiçoada por uma doença oncológica, ela está a iniciar o seu percurso profissional, mas conheço muito bem o Serviço de Cirurgia do Hospital de Faro. Conheço-o desde Outubro de 2012”, relata.
“Penso que a Diana só peca por defeito. Quer como Anestesista quer como doente, vi e vivi situações inacreditáveis. Reportei aos órgãos de gestão do hospital diversos casos. Não tive a coragem de assumir a posição da Diana. Não me tentaram colar o rótulo de desequilibrada, mas de ‘pessoa difícil’, ‘conflituosa’ e com ‘mau feitio’. Teria o melhor feitio do mundo se me estivesse nas tintas para os doentes”, explica Rosina.
“Não conhecendo pessoalmente a Diana, atesto que não está louca. Quem trabalha em Faro, em particular quem trabalha no Bloco Operatório, sabe que a Diana não está louca, nem está a mentir”, mais relata, “Durante 10 anos vi chegar diversos colegas de cirurgia, a maioria de Coimbra, excelentes nos conhecimentos e nas técnicas cirúrgicas. Um a um foram saindo. Para a mediocridade reinar os seguidores têm que ser medíocres”.
A anestesista conta que “O diretor do Serviço de Cirurgia tem em seu poder uma carta em que manifestei a minha recusa em colaborar com o seu serviço no programa de Cirurgia Adicional. Esclarecia nessa carta que durante o meu horário de trabalho teria que cumprir as escalas de serviço, mas fora dele recusava qualquer colaboração”.
“A Cirurgia Adicional processa-se fora de horário, com uma remuneração própria. Tentaram insinuar que se tratava de um interesse económico, porque os atos de cirurgia geral não são tão bem pagos quanto os de outras especialidades. Ficava por explicar porque colaborava com a Urologia ou Ginecologia, com remunerações semelhantes à Cirurgia Geral”, explica.
“Diana abriu uma caixa de Pandora. Se forças de pressão não a fecharem e se as investigações forem sérias, este caso atingirá proporções inimagináveis. Para vergonha de quem sempre soube e nada fez”, finaliza.
Diana, foi entretanto, afastada do serviço, revelou o diretor do serviço de cirurgia. A médica pediu a suspensão da formação, até que lhe seja nomeado um novo orientador de internato.
Há um inquérito aberto pelo MP, outro pelo hospital e o caso já se encontra também nas mãos da Entidade Reguladora da Saúde (ERS).