O desconfinamento faz-se a várias velocidades na Europa, numa altura em que alguns países ainda lutam contra a nova vaga da pandemia.
Esta segunda-feira, a Inglaterra, a Itália e a República Checa aliviam algumas restrições, mas o cenário é diferente em muitas nações europeias, que prolongam restrições ou têm um calendário mais lento para o regresso a algumas atividades.
INGLATERRA: COMÉRCIO NÃO ESSENCIAL REABRE
Inglaterra entra esta segunda-feira numa nova fase do plano de desconfinamento: reabrem, pela primeira vez em quatro meses, as esplanadas, os cabeleireiros, os salões de beleza e o comércio não essencial, como lojas de roupa.
Até então, os pubs e restaurantes estavam limitados à venda ao postigo, mas a partir desta semana podem reabrir desde que tenham esplanada. A venda de bebidas alcoólicas passa igualmente a ser permitida. Reabrem também os ginásios e as bibliotecas, bem como as atrações ao ar livre, como é o caso dos jardins zoológicos.
O alojamento turístico volta a ser permitido em Inglaterra, mas só em casas independentes que não impliquem a partilha da casa-de-banho. Além disso, os britânicos só podem reservar alojamentos com membros do seu agregado familiar.
O primeiro-ministro do Reino Unido saudou a reabertura, mas alertou os britânicos para os riscos que advêm do alívio das restrições. Boris Johnson lembrou a importância de as pessoas permanecerem no exterior enquanto socializam, e de se comportarem de forma responsável.
“Hoje é um grande passo em frente no nosso roteiro para a liberdade, uma vez que locais como lojas, cabeleireiros, salões de beleza, atrações ao ar livre, e pubs e restaurantes voltam a abrir”, afirmou. “Tenho a certeza que será um enorme alívio para os empresários que têm os seus estabelecimentos encerrados há tanto tempo, e para todos os outros é uma oportunidade de voltar a fazer algumas das coisas que amamos e de que não temos usufruído”, acrescentou Johnson.
ITÁLIA: SEIS REGIÕES PASSAM PARA O ‘LARANJA’
Itália abranda as restrições em seis regiões a partir desta segunda-feira, decidiu o Ministério da Saúde na semana passada. O país utiliza um sistema de quatro níveis, à base de um código de cores, para definir as restrições em vigor. Assim, seis regiões passam do vermelho/nível quatro (em que as pessoas só podem sair de casa por motivos de trabalho, saúde ou emergência), para o laranja/nível três, em que as restrições à atividade e circulação são ligeiramente menos severas.
As restrições são aliviadas, por exemplo, na Lombardia, em torno da capital financeira de Milão, e em Piemonte, cuja capital é Turim. A Toscana Central também passa do vermelho para o laranja. Nestas regiões, mais empresas de retalho podem reabrir e os italianos passam a ter mais liberdade para se deslocarem dentro do seu município. No entanto, os bares e restaurantes continuam abertos só para encomendas de take-away. As viagens para outras regiões continuam, na grande maioria, proibidas.
No total, a partir desta segunda-feira, há 16 regiões alaranjadas e quatro vermelhas no código de cores que avalia o risco da covid-19. Nenhuma região italiana desce para os dois níveis inferiores mais seguros – o amarelo e o branco.
A curva da pandemia está a achatar em Itália, segundo as autoridades de saúde. A pressão nos hospitais também continua a diminuir – o número de pacientes internados em cuidados intensivos este domingo foi de 3585, menos três pacientes do que no sábado. Desde o início da pandemia, o país registou 3.769.814 casos e 114.254 mortes associadas ao novo coronavírus.
No dia 26 de abril, o governo italiano vai elaborar o decreto que estabelece as regras para maio que, segundo o jornal Corriere della Sera, prevê a reabertura de cinemas, teatros, restaurantes, bares, museus e ginásios.
Foto Guglielmo Mangiapane/Reuters D.R.
REPÚBLICA CHECA: DESCONFINAMENTO AINDA LENTO
A República Checa começa esta semana a reabrir lentamente. É um dos países mais atingidos pela pandemia e o que apresenta o maior número de mortes em relação à população, com 260 mortes por 100.000 habitantes, segundo um balanço da AFP. Esta segunda-feira reabrem as escolas primárias e algumas lojas.
O ligeiro relaxamento coincide com o fim do recolher obrigatório, que vigorava entre as 21 e as 5 horas. O fim do estado de emergência, que terminou este domingo, dia 11, na República Checa, também acaba com a proibição de circular entre distritos.
No entanto, muitas atividades permanecem encerradas. Os restaurantes continuam fechados, e as aulas do ensino básico, secundário e superior mantêm-se online. A partir desta segunda-feira reabrem só alguns estabelecimentos selecionados pelo governo checo, como os mercados de agricultores, as papelarias e as lojas de roupa infantil. Alguns espaços ao ar livre – jardins zoológicos e jardins botânicos – voltam a abrir portas.
DESCONFINAMENTO A DIFERENTES VELOCIDADES
Já em outros países da Europa, as regras vão ser aliviadas mais tarde. Na Holanda, o governo tenciona abrir os cafés e restaurantes que tenham esplanadas e o comércio não essencial na próxima semana, dia 21 de abril. O recolher obrigatório introduzido em janeiro também pode ser suprimido a partir dessa data, segundo a imprensa local. Porém, a flexibilização das regras depende da evolução da covid-19 no país.
A Polónia decidiu prolongar as restrições até 18 de abril, enquanto o país luta contra a terceira vaga da pandemia. Até lá, os jardins de infância, os hotéis, os cinemas e os teatros continuam fechados. O ministro da saúde polaco, Adam Niedzielski, alertou que a variante B.1.17, detetada pela primeira vez no Reino Unido, corresponde a 90% do casos na Polónia.
Malta vai iniciar a 26 de abril um abrandamento gradual das restrições, começando pela reabertura dos restaurantes e das lojas não essenciais. As escolas tinham sido encerradas no início de março, numa altura em que o país assistia a um novo pico de infeções, mas entretanto já reabriram. “As restrições serão gradualmente aliviadas, mas as crianças não se podem dar ao luxo de perder mais da sua experiência educativa na sala de aula”, sublinhou o primeiro-ministro de Malta, Robert Abela.
França ainda está confinada. Há quase um mês, no dia 18 de março, o governo decidiu decretar um confinamento durante, pelo menos, quatro semanas em 16 regiões do país, entre as quais se inclui Paris. “A situação exige medidas fortes”, justificou na altura o primeiro-ministro Jean Castex, após ter reunido com o Presidente Emmanuel Macron. As escolas foram depois encerradas, a 31 de março.
O ministro da Saúde gaulês, Olivier Véran, disse este domingo numa entrevista ao Le Journal du Dimanche estar a ver “os primeiros sinais que mostram que o comportamento dos franceses, as medidas de contenção e vacinação travaram o aumento muito acentuado” dos casos de covid-19.
Na Alemanha, Angela Merkel continua a defender um novo confinamento. Numa reunião este fim de semana dos deputados do seu partido, a chanceler mostrou-se favorável a um confinamento nacional por um período relativamente curto, para conter a terceira vaga da pandemia no país.
PORTUGAL entrou, na semana passada, na segunda fase do plano de desconfinamento traçado pelo Governo. Retomaram as aulas presenciais do 2.º e 3.º ciclo, reabriram as esplanadas, as lojas até 200 metros quadrados com porta para rua, os museus, os ginásios. Voltou também a ser permitido praticar modalidades desportivas de baixo risco, e a atividade física ao ar livre até quatro pessoas.
Uma nova reabertura está prevista para o dia 19 de abril. Se estiverem reunidas as condições necessárias, retomam as aulas presenciais para os alunos do ensino secundário e do superior, e reabrem todas as lojas e centros comerciais. Porém, a evolução da covid-19 em Portugal é que vai permitir, ou não, que se “prossiga a estratégia de levantamento progressivo das medidas de confinamento”, já esclareceu o executivo.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso