Depois de ter sido referenciado por um médico norte-americano e por dois cirurgiões espanhóis que pertencem a esta sociedade, foi dirigido o convite ao diretor clínico do Instituto Português da Face pelos vários trabalhos científicos que tem desenvolvido na área da Articulação Temporomandibular (ATM), nomeadamente sobre a regeneração do disco articular, técnicas cirúrgicas minimamente invasivas e um protocolo único a nível mundial de recuperação pós-operatória destes doentes.
O conselho científico de médicos especialistas da sociedade americana de cirurgiões da ATM, após uma avaliação criteriosa ao seu percurso académico e profissional, aos seus artigos de investigação e às técnicas cirúrgicas aplicadas, reconheceu e elogiou o contributo científico que David Ângelo tem dado para a área da ATM. Após uma entrevista em dezembro, foi convidado a apresentar um artigo original no encontro deste ano da ASTMJS em San Diego, Califórnia, entre 3 e 5 de março.
“Pertencer à sociedade americana de cirurgiões da ATM significa passar a poder discutir diretamente os casos clínicos mais complexos com cirurgiões reconhecidos internacionalmente, todos eles com longos anos de experiência no tratamento da disfunção da ATM”, afirma David Ângelo, o único português a pertencer à Sociedade Europeia de Cirurgiões da ATM. “A partilha de conhecimento é a uma mais-valia da medicina: aliás, conheci os médicos que me referenciaram para a sociedade americana em fóruns internacionais de discussões clínicas e em cirurgias conjuntas. Um deles conheci-o ainda antes da pandemia, numa operação complexa realizada no The Wellington Hospital, em Londres”.
David Ângelo criou um protocolo de tratamento único a nível mundial
Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, David Ângelo criou um protocolo de tratamento único a nível mundial, o qual permite uma recuperação mais rápida dos pacientes com disfunção da ATM e resultados mais duradouros.
O protocolo é essencialmente composto por três sequências: a preparação pré-cirúrgica com toxina botulínica para descomprimir a cápsula articular com uma técnica exclusiva; o tratamento cirúrgico da disfunção da ATM; e o acompanhamento pós-operatório híbrido com exercícios de fisioterapia, terapia da fala e recuperação gradual da função mastigatória.
“O protocolo de recuperação foi um dos meus projetos mais elogiados na entrevista de dezembro com os especialistas da sociedade americana da ATM. Para além dos artigos científicos, apresentei mais de 500 cirurgias que realizei – artrocenteses, artroscopias, cirurgias abertas e próteses de ATM – com dois anos de acompanhamento comprovado”, afirma David Ângelo. “Para a apresentação final em San Diego, vou levar um trabalho sobre o processo de recuperação da mastigação nos primeiros 30 dias após a cirurgia da articulação temporomandibular”.
Nos pacientes que acompanhou depois de os operar com uma técnica minimamente invasiva, em média a partir do 15º dia estes deixam de sentir dor articular na mastigação, altura em que já se sentem confortáveis para voltar ao trabalho. Ao 18º dia já se sentem confortáveis com a reintrodução da atividade física moderada. E, em média, a partir do 24º dia já recuperaram a mastigação normal de 90% da sua dieta alimentar. A satisfação dos pacientes com a recuperação da função mastigatória após 1 mês de intervenção foi de 8.88/10.
Em 2020, David Ângelo concebeu a plataforma “EuroTMJ” para registo de diagnósticos, intervenções e evoluções pós-operatórias de doentes no espaço europeu. David Ângelo obteve financiamento da Sociedade Europeia de Cirurgiões da Articulação Temporomandibular para conceber uma plataforma informática que regista os diagnósticos, intervenções e evoluções pós-operatórias de uma forma rigorosa e de fácil consulta e utilização pelos médicos em toda a Europa.
“A plataforma está a crescer e, no futuro, à medida que forem sendo registados os dados de mais doentes, será cada vez mais útil para auxiliar a decisão dos médicos”, afirma David Ângelo. “Nesta fase estamos a criar um algoritmo inteligente de apoio à decisão clínica, com base nos sintomas de cada paciente introduzidos na base de dados”.