Há uma crença comum de que a hiperatividade em crianças resulta da má educação e falta de disciplina. Por exemplo, quando uma criança tem dificuldades para se concentrar ou ficar quieta na sala de aula, muitas vezes acredita-se que um castigo rigoroso por parte dos pais poderia resolver o problema.
No entanto, será que a hiperatividade nas crianças está realmente associada à falta de educação e disciplina?
De acordo com o psiquiatra Gustavo Jesus, aquando da sua passagem pelo programa “Casa Feliz” da SIC, em parceria com o site Viral, a resposta é um claro “não”. A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) não é desencadeada por falta de educação ou disciplina.
Este é um estigma com o qual muitas crianças diagnosticadas com PHDA têm de lidar. Com frequência, estas crianças são rotuladas como mal-educadas simplesmente porque têm dificuldade em permanecer quietas e concentradas.
A PHDA é, na verdade, uma síndrome psiquiátrica relacionada com o neurodesenvolvimento. Ela manifesta-se na infância e tem uma base genética forte, sendo hereditária em cerca de 85% dos casos. A perturbação manifesta-se de diversas formas, incluindo os subtipos hiperativo, desatento e misto, que combina características dos dois primeiros.
Os principais sintomas da PHDA incluem hiperatividade, défice de atenção, impulsividade e desregulação emocional. A hiperatividade manifesta-se como atividade motora excessiva e dificuldade em ficar parado.
O défice de atenção não significa que a pessoa não consiga concentrar-se em nada, mas sim que luta para manter a atenção em tarefas aborrecidas ou rotineiras. A impulsividade traduz-se em dificuldades de autocontrolo, resultando em ações impulsivas, como falar sem pensar.
A desregulação emocional significa que a pessoa com PHDA pode ter dificuldade em regular as emoções e reagir de forma exagerada a situações do dia a dia.
A falta de tratamento adequado para a PHDA pode ter efeitos significativos na vida das pessoas afetadas. Crianças com PHDA podem enfrentar desafios na escola, baixa autoestima e uma sensação de fracasso, mesmo quando se esforçam mais do que seus colegas.
Esta condição pode afetar o desenvolvimento e o bem-estar emocional. Além disso, se a PHDA não for tratada, os sintomas podem persistir na vida adulta.
Portanto, é essencial reconhecer que a PHDA não é simplesmente uma questão de educação ou disciplina. É uma condição médica complexa que requer compreensão, diagnóstico e tratamento adequados.
A consciencialização sobre a perturbação é fundamental para evitar o estigma associado e garantir que crianças e adultos com PHDA recebam o apoio necessário para prosperar.
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