Francisco Serrano, o homem que deu entrada na urgência do hospital de Faro, no início de abril, pelo próprio pé, com uma perna e braço afetados e que foi diagnosticado com um linfoma no sistema nervoso central, faleceu na tarde de segunda-feira, aos 68 anos, a filha Janete, conta ao POSTAL a sucessão de alegados erros no tratamento do pai.
O homem, de 68 anos, estava internado no hospital de Faro. O POSTAL teve acesso ao Certificado de Óbito que revela que Francisco morreu devido a um linfoma difuso de grandes células B, correspondente a um tumor maligno do sistema linfático, associado a uma infeção no cérebro.
Essa infeção no cérebro foi segundo a filha, Janete Serrano, diagnosticada primeiramente como uma infeção urinária. “O hospital de Faro estava convencido que era uma infeção urinária. Fizeram análises ao sangue, TAC aos pulmões e TAC à cabeça, que como me foi explicado não acusavam casos de infeção no cérebro.”
Janete revela que preocupada com o estado do pai, falou com o médico Duarte Salgado do IPO de Lisboa que recomendou ao hospital de Faro a realização de exames específicos ao cérebro. Foi quando foi diagnosticada a infeção no cérebro, “a infeção urinária era afinal uma infeção no cérebro”, revela.
O hospital de Faro não tem serviço de hematologia e para tratar o linfoma de Francisco, a única esperança, era ser transferido para o IPO de Lisboa. Francisco já tinha vaga, mas a infeção, segundo a filha, colocou o pai em coma induzido devido ao agravamento do estado clínico.
“A infeção, foi-me explicada pelo médico neurocirurgião do hospital de Faro, originou-se na biópsia ou nos corticoides administrados. Se o meu pai tivesse sido logo enviado para o IPO Lisboa o resultado podia ser outro”, conta ao POSTAL.
Janete explica que “uma vez que o meu pai ficou em Faro, era preciso tratar primeiro da infeção porque como me foi dito: ‘isso [a infeção] mata o seu pai, o linfoma não’. Como o meu pai estava em coma induzido não podia ser tratado porque como me foi explicado ‘os linfomas não são operáveis’. O tratamento passa pela medicação. Se não tivessem demorado tanto tempo a chegar à conclusão que era uma infeção no cérebro o meu pai podia ainda estar vivo”.
Sobre os profissionais do serviço de cuidados intensivos que trataram o pai nos últimos dias de vida revela só ter coisas positivas a dizer, “foram super humanos comigo e com o meu pai e sempre me explicaram tudo, mas quando ele chegou aos cuidados intensivos já pouco havia a fazer afinal”.