As amálgamas dentárias com mercúrio, popularmente conhecidas como “chumbos”, estão proibidas na União Europeia desde 1 de janeiro deste ano. No entanto, milhares de portugueses e cidadãos europeus continuam a ter este material tóxico nos dentes, levantando questões sobre os impactos ambientais e de saúde pública.
Uma medida tardia, mas necessária
A decisão de proibir a utilização de amálgamas dentárias surge no seguimento de restrições implementadas desde 2018, quando o seu uso foi vetado em crianças com menos de 15 anos, mulheres grávidas e lactantes. Apesar da interdição total agora em vigor, estima-se que ainda sejam utilizadas anualmente cerca de 40 toneladas de mercúrio para restaurações dentárias em toda a União Europeia, de acordo com dados do Parlamento Europeu.
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, citado pela Executive Digest, sublinhou que Portugal se adiantou a esta medida e que a adaptação dos profissionais foi bem-sucedida. “Portugal está muito à frente nessa decisão. Os médicos dentistas já há alguns anos que quase não utilizam amálgama dentária”, afirmou, garantindo que a sua utilização no país é residual.
Milhões de pessoas ainda mantêm estas restaurações
Embora a proibição impeça novas aplicações de amálgama, milhões de europeus continuam a ter estas restaurações dentárias. Um estudo recente sobre saúde oral em Espanha revelou que cerca de 75% dos adultos com mais de 45 anos ainda têm obturações feitas com mercúrio. O mesmo cenário repete-se em países como a Alemanha e o Reino Unido, onde o uso de amálgamas dentárias foi historicamente elevado.
Especialistas alertam, contudo, que a remoção destas restaurações não deve ser feita de forma indiscriminada, uma vez que o processo de extração pode libertar mais mercúrio do que se forem mantidas na boca. O procedimento deve ser realizado apenas quando a obturação está desgastada ou fraturada, utilizando técnicas seguras, como dique de borracha e sistemas de aspiração de alta potência, para minimizar a exposição ao metal.
O maior risco está no impacto ambiental
Os especialistas afirmam que o principal perigo das amálgamas dentárias não está no seu uso, mas sim no impacto ambiental resultante do seu descarte. O mercúrio libertado pode contaminar a água e o solo, afetando os ecossistemas e a vida selvagem. Além disso, a incineração de resíduos odontológicos contendo mercúrio contribui para a poluição atmosférica, permitindo que partículas do metal se dispersem no meio ambiente.
O Conselho Espanhol de Dentistas explicou que, quando as amálgamas são removidas, utilizam-se instrumentos rotativos de alta velocidade com refrigeração por água, gerando pó que se mistura ao líquido e é aspirado para os circuitos habituais das clínicas dentárias. No entanto, quando são aplicadas novas restaurações – o que agora já não acontecerá –, todos os resíduos devem ser depositados em recipientes específicos e recolhidos por empresas especializadas para o seu devido processamento e reciclagem.
Uma nova era nos tratamentos dentários
Com esta medida, a União Europeia reforça a transição para materiais dentários mais seguros e sustentáveis, como as resinas compostas e as cerâmicas. Embora a presença de amálgamas nos dentes de milhões de cidadãos europeus ainda seja uma realidade, espera-se que a sua eliminação progressiva reduza os riscos ambientais e os possíveis impactos na saúde.
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