A variante Delta do vírus SARS-CoV-2, associada à Índia, deve sobrepor-se à variante Alpha, associada ao Reino Unido, nas próximas semanas.
A informação é admitida pelas autoridades de saúde nacionais no relatório de risco enviado às redações esta sexta-feira. De acordo com o documento foram identificados 157 casos da linhagem Delta até esta quarta-feira (mais 65 casos desde a publicação do último relatório), sendo a transmissão comunitária desta variante mais evidente na região de Lisboa e Vale do Tejo.
“A variante Alpha (B.1.1.7 ou associada ao Reino Unido) foi a dominante durante o mês de maio, estimando-se que a variante Delta (B.1.617.2 ou associada à Índia) se possa sobrepor a esta nas próximas semanas”, pode ler-se no relatório, intitulado “Monitorização das linhas vermelhas para a covid-19”.
Os casos são maioritariamente homens com uma idade média de 36 anos, quase todos a viverem na região de Lisboa e Vale do Tejo. “A principal nacionalidade dos casos identificados era a portuguesa (52,9%), seguida da nacionalidade nepalesa (21,7%). Dos 157 casos, 21 apresentam a mutação adicional K417N.” A presença desta mutação (que está também presente na variante associada à África do Sul) vai ser “devidamente monitorizada”.
As autoridades sublinham que os últimos indicadores apontam para um aproximar aos limiares das “linhas vermelhas” e, por isso, vincam a necessidade de “ainda maior atenção à evolução dos indicadores de incidência, virológicos e de impacte, assim como ao aumento do nível de preparação dos recursos a nível regional e sub-regional para o controlo e mitigação da epidemia”, sobretudo junto de quem ainda não tomou as duas doses da vacina.
Relativamente à variante Alpha, associada ao Reino Unido, que tem sido a dominante desde maio, o documento refere que está “disseminada por todo o território nacional” mas é expectável “o fenómeno de sobreposição da variante Delta à variante Alpha” devido à capacidade de adaptação do vírus na variante associada à Índia.
Já no que diz respeito à variante Beta, associada à África do Sul, foram detetados dois novos casos desde a publicação do último relatório (no total são 113), sendo o perfil mais comum ser homem com 41 anos, residente na zona de Lisboa e Vale do Tejo ou no Norte do país. “A maioria dos casos tinha nacionalidade portuguesa (77,9%), sendo a segunda nacionalidade mais frequente a nacionalidade angolana (5,3%)”, pode ainda ler-se.
Por fim, a Gamma, associada a Manaus, no Brasil: os novos casos registados são quatro e, no total, foram identificados 146 infeções. Também aqui a maioria das infeções acontece em homens com cerca de 40 anos e, uma vez mais, residentes na zona de Lisboa e Vale do Tejo ou no Norte. Nacionalidade portuguesa e brasileira são as mais afetadas.
INTERNAMENTOS NOS CUIDADOS INTENSIVOS CONTINUAM A CRESCER
O mesmo relatório dá conta de uma tendência crescente no número de internamentos nas unidades de cuidados intensivos. O documento refere que atualmente 88 camas estão ocupadas, o que corresponde a 29% do valor crítico definido em 245 camas. Na semana passada essa percentagem estava fixada em 29%.
“Nos últimos dias, este indicador tem vindo a assumir uma tendência crescente. A região de Lisboa e Vale do Tejo, com 57 doentes internados em unidades de cuidados intensivos, representa 65 % do total de casos. O grupo etário com maior número de casos de covid-19 internados em cuidados intensivos corresponde ao dos 50 aos 59 anos (27 casos neste grupo etário a 16/06/2021)”.
LVT COM RT MAIS ELEVADO
Lisboa e Vale do Tejo é a região do país que apresenta o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 mais elevado, tendo aumentado dos 1,12 para os 1,20 numa semana.
Os dados indicam ainda que a Madeira é a única região do país com um Rt inferior ao patamar de 1 (0,98), enquanto o Norte está com 1,04, o Centro 1,07, o Alentejo 1,13, o Algarve 1,19, e os Açores 1,09.
Entre 2 de maio e 13 de junho registou-se no país um aumento do Rt de 0,91 para 1,15, indicando a transição de uma “tendência decrescente para uma tendência crescente da incidência de SARS-CoV-2”, mais acentuada em Lisboa e Vale do Tejo. Nessa região também aumentou a taxa de incidência de novos casos de infeção por 100 mil habitantes, estando agora com 167,8, acima do limiar de 120 estipulado nas “linhas vermelhas” que o Governo adotou de controlo da pandemia de covid-19.
Também acima dos 120 casos por 100 mil habitantes encontram-se os Açores (156,9), estando as restantes regiões do país abaixo deste limite: Norte (59,7), Centro (44,4), Alentejo (63,0), Algarve (101,5) e Madeira (36,2).
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso