Uma investigação recente sugere que uma substância amplamente utilizada durante décadas na gasolina pode ter impactado a saúde mental de milhões de pessoas. O estudo, publicado no The Journal of Child Psychology and Psychiatry, associa a exposição ao chumbo ao aumento de transtornos mentais e alterações na personalidade de quem esteve exposto ao metal.
O estudo, conduzido por investigadores da Florida State University, analisou a relação entre a presença de chumbo na gasolina e o desenvolvimento de condições como ansiedade, depressão e défice de atenção/hiperatividade. Segundo os cientistas, os americanos nascidos antes de 1996 foram os mais afetados, uma vez que a gasolina com chumbo foi amplamente utilizada até à sua proibição total para automóveis nesse ano.
O chumbo é um metal pesado neurotóxico, capaz de afetar o funcionamento cerebral. O estudo sugere que a exposição a esta substância pode ter tornado as pessoas “menos organizadas”, com menor capacidade de planeamento e maior tendência para comportamentos impulsivos, explica a Stars Insider. Estas características foram observadas em indivíduos expostos ao chumbo na infância, especialmente os nascidos entre 1966 e 1986, período em que a substância foi mais utilizada.
Apesar da proibição do chumbo na gasolina, os investigadores alertam que ele ainda está presente noutras fontes, como canalizações antigas e tintas usadas em habitações construídas antes de 1978. Além disso, certos veículos, como aviões, máquinas agrícolas e barcos, continuam a utilizar combustíveis com chumbo, mantendo a exposição ativa para algumas populações.
A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) anunciou recentemente medidas para substituir canalizações de chumbo nas redes de abastecimento de água, um dos principais meios de contaminação. Estima-se que estas alterações possam evitar milhares de casos de défice de atenção em crianças e reduzir problemas cardíacos em adultos.
Os investigadores recomendam que as autoridades reforcem a eliminação do chumbo de infraestruturas e combustíveis, uma vez que os efeitos da exposição prolongada a esta substância, outrora presente na gasolina, ainda podem ser sentidos na população. A relação entre esta substância e a saúde mental continua a ser estudada, mas os especialistas alertam para a necessidade de reduzir ao máximo qualquer contacto com este metal pesado.
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