Apesar de Portugal ter sido, em 2004, dos primeiros países europeus a considerar a obesidade como doença crónica, quase duas décadas depois os números não são animadores. De acordo com o Inquérito Nacional de Saúde de 2019, do Instituto Nacional de Estatística, 16,9% da população portuguesa é obesa, equivalente a mais de 1,5 milhões de pessoas. “Como muitos outros países ocidentais, Portugal tem uma verdadeira epidemia de obesidade”, considera o deputado do PSD Ricardo Baptista Leite. Para o responsável político, a ação preventiva e de combate à doença deve ser vista como “prioridade nacional” para melhorar os indicadores de qualidade de vida da população.
Os efeitos nocivos que a obesidade tem na saúde são muitos e não estão, defendem os peritos ouvidos pelo Expresso, a ser combatidos. “A obesidade é uma doença associada a mais de 200 comorbilidades em todos os sistemas do organismo, e a “mais de 13 tipos de cancro”, explica Paula Freitas. A presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) refere-se a doenças como diabetes, hipertensão ou problemas cardiovasculares, cuja génese está, muitas vezes, no excesso de peso. “É necessário adotar medidas de prevenção e de promoção da alimentação saudável, claro, mas já vamos tarde para muitas coisas”, aponta, aludindo aos números com que argumenta e que vão além dos do INE. Segundo Paula Freitas, a percentagem da população com obesidade é de cerca de 23%, com 35% a estarem em situação de pré-obesidade.
As soluções apontadas por Carlos Oliveira, presidente da Associação de Doentes Obesos e Ex-obesos de Portugal (ADEXO), passam sobretudo pela criação de equipas multidisciplinares nos cuidados de saúde primários e pela comparticipação de medicamentos. “Existem medicamentos aprovados pelo Infarmed, mas não são comparticipados, e custam mais de €200 por mês”, critica. O problema, sublinha, é que vários estudos sobre a doença mostram que são as pessoas economicamente mais desfavorecidas que lidam com este problema. “Não havendo comparticipação, as pessoas não compram os medicamentos e caminham para a super obesidade”, diz o responsável.
“Há objetivamente barreiras no acesso a esse tipo de cuidados de saúde”, reconhece Ricardo Baptista Leite. O deputado atribui responsabilidade ao poder político por não encarar a obesidade como um problema de saúde pública prioritário e por não investir em ações efetivas de prevenção e combate. “Está na hora de quebrar o silêncio sobre a obesidade e as suas consequências”, afirma. Consequências que vão além da saúde e do bem-estar – veja-se o impacto da doença na economia por via do absentismo ou os custos de tratamento desta e outras patologias associadas – e que estarão no centro do debate “Por uma resposta holística e equitativa à obesidade” do próximo dia 19. A iniciativa, promovida pelo Expresso em associação com a plataforma Recalibrar a Balança, será transmitida em direto no Facebook do semanário a partir das 11h.
“POR UMA RESPOSTA HOLÍSTICA E EQUITATIVA CONTRA A OBESIDADE”
O que é
O Expresso associa-se ao movimento Recalibrar a Balança – que junta SPEO, ADEXO, SPEDM e Novo Nordisk – para a realização de um debate dedicado ao tema “Por uma resposta holística e equitativa contra a obesidade”, integrado no ciclo de conversas Repensar a Saúde. A iniciativa vai discutir a forma como a obesidade afeta os doentes, o sistema de saúde e a economia, mas também encontrar caminhos para o futuro.
Quando, onde e a que horas?
Dia 19 de outubro, a partir das 11h, para assistir em direto na página de Facebook do Expresso
Quem são os oradores?
- ♦ Carlos Oliveira, presidente da Associação de Doentes Obesos e Ex-obesos de Portugal (ADEXO)
- ♦ Margarida Borges, principal IQVIA Portugal
- ♦ Paula Freitas, presidente Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO)
- ♦ Ricardo Baptista Leite, deputado
- ♦ Sara Cerdas, eurodeputada
- ♦ António Lacerda Sales, secretário de Estado e Adjunto da Saúde
Porque é que este tema é central?
Existem, em Portugal, cerca de 1,5 milhões de adultos com obesidade. Trata-se de um problema de saúde pública, reconhecido pelo país em 2004, mas cujos programas de atuação nacional ainda não conseguiram resolver. Que desafios se colocam hoje à prevenção da obesidade? Como podemos tratar cada vez melhor e mais pessoas? Ao longo deste debate, associações de doentes, especialistas e atores políticos procurarão responder a esta e outras questões, com o objetivo de sensibilizar a população para esta temática e delinear soluções e estratégias que possam ajudar a mudar o paradigma.
Como posso ver?
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Notícia exclusiva do parceiro do jornal Postal do Algarve: Expresso