A decisão “não está formalmente tomada” mas o que está em cima da mesa é o encerramento imediato de todo o sistema de ensino, incluindo universidades, a partir desta sexta-feira. Fonte do Governo avança ao Expresso que a decisão ainda está “sujeita a análise de detalhes” e que só é “eventualmente tomada esta quinta-feira em conselho de ministros”.
Segundo apurou o Expresso, no Governo discute-se se o calendário escolar pode ser ajustado com esta decisão, eventualmente prolongando-o por um período semelhante ao do encerramento que for decretado. A preocupação do Executivo com a necessidade de os alunos não perderem tempo letivo presencial mantêm-se intocada – só que a pressão política subiu muito em poucos dias para um fecho total do país, limitando toda a movimentação possível e a contaminação que parece muito difícil de travar.
À agência Lusa, outra fonte governamental confirmou a indicação, acrescentando que “a informação que o Governo recebeu na quarta-feira, após reunião com epidemiologistas, foi considerada muito relevante e determinante para a decisão, tendo em conta o crescimento da variante britânica do novo coronavírus em Portugal”. E justificando que o objetivo principal do Governo, “é isolar todo o sistema escolar”, já que, “não havendo aulas, evita-se que as pessoas sejam forçadas a sair de casa”.
A ministra da Saúde deu esta quarta-feira à noite uma entrevista à RTP onde sublinhou que “a situação mudou, agravou-se”, e por isso admitiu o encerramento imediato das escolas. Num canal ao lado reagiu de imediato o Presidente da República: “É uma boa solução”, disse em entrevista ao Porto Canal. “Como imagina eu já calculava”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente tem pressionado o Governo sucessivamente nesse sentido desde domingo. Rui Rio, líder do PSD, também, seguindo especialistas e até os especialistas de saúde pública – que na semana passada se dividiram na reunião do Infarmed sobre o tema. Nesta fase, até os pais já dão sinais de concordância.
Depois de ter recusado uma vez mais fechar escolas, no debate trimestral no Parlamento, António Costa esteve esta quarta-feira à noite reunido por videoconferência com a ministra da Saúde, Marta Temido, da Presidência, Mariana Vieira da Silva, com o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e com o da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor. Através do Twitter, o primeiro-ministro explicou que a reunião serviu para fazer “um ponto de situação sobre a alarmante propagação da pandemia em Portugal”.
António Costa acrescentou ainda que o encontrou serviu para analisar as novas informações “que os epidemiologistas partilharam com o Governo”, incluindo sobre “o crescimento da variante britânica do vírus”. Formalmente, este tornou-se o argumento do Governo para mudar de posição quanto ao ensino presencial.
Segundo o que Marta Temido disse na entrevista à RTP3, a nova variante já é responsável por 20% dos novos casos. Pelo seu efeito “replicativo” pode atingir os 60% na próxima semana. “Estamos perante factos novos e um deles é a nova variante”, disse a ministra para justificar a necessidade de tomar novas medidas poucos dias após o Governo ter anunciado o confinamento geral sem, na altura, ter mandado encerrar as escolas.
Os dados divulgados esta quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde dão conta de 219 mortes devido à covid-19 (pelo terceiro dia consecutivo atinge-se um novo máximo) e 14.647 novos casos nas últimas 24 horas – é o pior dia da pandemia até agora em Portugal. Toda a semana tem mostrado sucessivos recordes, quer de novos casos, quer de mortes registadas em 24h. Em relação aos recuperados, o boletim assinala mais 6493.
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