PORQUE É QUE ALGUNS PAÍSES PROIBIRAM AS MÁSCARAS COMUNITÁRIAS?
Com a cada vez maior incidência de novas estirpes do SARS-CoV-2, consideradas mais transmissíveis, a Alemanha e a Áustria proibiram o uso de máscaras comunitárias em transportes públicos, lojas, farmácias ou locais de trabalho. Em detrimento destas, pede-se à população que use máscaras cirúrgicas e máscaras FFP2. Em França, as máscaras têxteis não estão proibidas mas passaram esta semana a ser desaconselhadas.
E EM PORTUGAL?
Em Portugal é obrigatório usar máscara em espaços fechados e também no exterior sempre que não é possível garantir um distanciamento de, pelo menos, dois metros. As máscaras sociais não estão excluídas da equação, embora deva ser dada primazia às que têm selo de certificação, passado pelo Centro Tecnológico das Indústrias do Têxtil e do Vestuário (Citeve) e por alguns laboratórios. A Direção-Geral da Saúde assume que está “em análise” a hipótese de também vir a desaconselhar as máscaras comunitárias mas, para já, as recomendações europeias nas quais a entidade se baseia determinam apenas as características que estas devem ter no fabrico, mesmo que sejam feitas em casa: múltiplas camadas de tecido — que deverá idealmente ser hidrofóbico, ou seja, repelir a água —, ter um filtro e apresentar sempre capacidade de ajuste no nariz.
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AS MÁSCARAS COMUNITÁRIAS PROTEGEM O SUFICIENTE?
Não é possível aferir qual o grau de proteção das máscaras caseiras. Por isso, o segredo está na certificação. Quando seguidas as normas europeias de confeção, do Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), as máscaras têxteis comunitárias certificadas têm uma taxa de filtração de partículas superior a 70%. Mas apenas um quinto delas sobem a fasquia para mais de 90%, o que faz com que, se as regras europeias apertarem (como se tem falado), 80% destas máscaras tenham de ser desaconselhadas. As máscaras cirúrgicas e as de tipo FFP2 (bico de pato) conferem um grau superior de proteção.
QUAL É A DIFERENÇA ENTRE AS MÁSCARAS CIRÚRGICAS E AS MÁSCARAS FFP2?
Ambas são de utilização única e não podem estar colocadas por mais de quatro horas. As cirúrgicas servem para proteger o outro mas não protegem o seu utilizador, ou seja, salvaguardam a saída de gotículas com vírus de dentro para fora. São suficientes em contexto social, se usadas por toda a gente e sem contacto direto com infetados. Já as FFP2, protegem nos dois sentidos — de dentro para fora mas também de fora para dentro —, conferindo um maior grau de proteção. Devem ser usadas “em ambiente de maior exposição aos agentes patogénicos, nomeadamente em ambiente hospitalar, na execução de procedimentos médicos que impliquem maior risco”, diz a Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
E OS PREÇOS?
Um conjunto de dez máscaras de tipo FFP2 (também chamadas KN95) custa, numa grande superfície, cerca de cinco euros. As cirúrgicas podem ser adquiridas por bem menos: um conjunto de 50 é vendido por cerca de quatro euros. Para as comunitárias certificadas, que podem ser lavadas e usadas várias vezes, os preços variam muito, começando nos três euros.
QUE TIPO DE MÁSCARA DEVO USAR?
Esta semana, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia defendeu que as máscaras comunitárias, geralmente feitas em vários tipos de tecido (lavadas e reutilizadas múltiplas vezes), “podem não ter a eficácia desejada”. A entidade defende que deve ser “considerada a obrigatoriedade de uso de máscaras cirúrgicas”, podendo ser equacionado o uso de máscaras comunitárias apenas em alternativa e sempre certificadas pelo Citeve. Para os contextos de maior risco, nomeadamente em cuidadores de doentes ou famílias com elementos infetados por covid-19, a entidade defende o uso de máscaras FFP2.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso
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