Utentes da praia de Manta Rota têm-se queixado do incumprimento de regras para conter a pandemia de covid-19, mas a Câmara de Vila Real de Santo António garantiu que as zonas balneares do concelho “obedecem ao estipulado”.
Célia Santos frequenta a praia algarvia e contou à agência Lusa que, no domingo passado, pôde verificar no areal da praia de Manta Rota que a praia estava “lotada” e as pessoas se posicionavam “sem ter em conta qualquer medida de contingência e distanciamento social”.
“Ultrapassa-se largamente a lotação da praia e não há fiscalização do cumprimento da mesma. Não há distanciamento social. Não há qualquer indicação da lotação da praia, como sinalética ou bandeiras”, criticou a utente dessa praia.
A mesma fonte salientou que pôde também ver no passadiço de acesso à praia “pessoas aglomeradas”, que “não usavam máscaras” e “não respeitavam o distanciamento social.
“Não estão a ser fiscalizadas nem respeitadas as normas. Não se vê qualquer intervenção por parte das autoridades. A fruição destes espaços públicos no contexto da pandemia covid-19 é um atentado à saúde pública”, considerou ainda Célia Santos.
Carlos Sousa, que está há cerca de uma semana de férias na zona e tem frequentado a praia algarvia, também disse à Lusa que “a situação de incumprimento ou de maior proximidade entre as pessoas costuma verificar-se”.
Contudo, sublinhou, essa situação é mais visível “quando a maré está alta ou ao domingo, quando a afluência de pessoas é maior e muitos espanhóis aproveitam para passar o dia” naquela zona balnear de Vila Real de Santo António, no distrito de Faro.
“Durante a semana tem sido mais tranquilo e, mais ou menos, temos conseguido garantir esse afastamento. Mas no domingo, foi muito complicado”, afirmou, destacando que “há muitos espanhóis que aproveitam os fins de semana para passar o dia na praia” e “o distanciamento torna-se mais difícil” de respeitar.
Questionada pela Lusa sobre as queixas dos utentes, a autarquia garantiu que, “todas as zonas balneares do concelho obedecem ao estipulado” pelo Governo, nomeadamente, “no que se refere à utilização do areal, à existência de sinalética com capacidade de carga e às normas relativas a afastamento de toldos e utilização de bares, restaurantes e apoios de praia”.
A mesma fonte indicou que a capacidade de carga foi “determinada pela Agência Portuguesa do Ambiente” – no caso da praia de Manta Rota, a capacidade máxima estimada é de 6.300 pessoas – e que cabe “à Autoridade Marítima Nacional e Polícia Marítima a verificação do cumprimento destas determinações e a fiscalização e monitorização da respetiva capacidade”.
O capitão do porto de Vila Real de Santo António reconheceu à Lusa que a praia de Manta Rota é das mais frequentadas da zona – a par de Monte Gordo e Altura (concelho de Castro Marim) – e onde se aglomeram mais pessoas, mas garantiu que à capitania ainda não chegaram queixas sobre incumprimentos.
“A Polícia Marítima tem andado nas praias e embora, sobretudo ao fim de semana, haja reporte de muita gente, não temos registo formal de queixas”, referiu Rui Andrade, apelando ao cumprimento das regras impostas para evitar a propagação da covid-19.
Segundo aquele responsável, ao fim de semana “tem-se notado mais gente”, mas as situações de aglomerados dependem “muito da sensibilização das pessoas”, sendo “impossível ter um polícia em cima de cada um”, disse.
Ainda de acordo com o município, nas zonas concessionadas, “a entidade concessionária poderá intervir, determinar e aconselhar a manutenção do distanciamento social entre os utentes”.
Para prevenir a propagação da covid-19, a Câmara “definiu regras e instalou placas informativas com conselhos de prevenção e segurança à entrada de todas as praias”.
Determinou, ainda, “o uso de máscara em todos os passadiços e zonas de acesso ao areal”.
No sotavento (leste) algarvio, as duas praias com maior lotação são a de Monte Gordo, também em Vila Real de Santo António, e a de Faro, com uma capacidade de 12.600 banhistas cada uma.
Portugal contabiliza pelo menos 1.722 mortos associados à covid-19 em 50.410 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).