A população francesa mostra ter nesta altura reações contraditórias em relação à vacinação contra a covid-19, segundo revela um inquérito recentemente realizado no país.
Cerca de 58% dos franceses revelaram-se adversos à ideia de serem vacinados contra o novo coronavírus, de acordo com a sondagem levada a cabo pela Odoxa, para o jornal “Le Figaro” e a “Franceinfo”, e que envolveu um universo de mais de 1000 pessoas entre 22 e 23 de dezembro.
A sondagem revelou haver uma grande disparidade de reações entre os franceses relativamente ao imunizante. As mulheres são as mais céticas, evidenciando uma taxa de recusa que atinge 69%, o que nos homens se cifra em 54%.
Olhando para o critério da classe social, os operários menos qualificados mostram ser na esmagadora maioria adversos à ideia de serem vacinados – 73%, segundo o inquérito – enquanto 62% dos quadros de empresas se mostram disponíveis para o efeito.
A análise por faixas etárias revela, sem surpresas, que os franceses mais idosos, acima dos 65 anos, mostram ser mais recetivos à ideia de serem vacinados contra a covid-19, numa taxa total de 58% – que desce para 32% junto dos que têm entre 35 e 49 anos.
Como destaca a Franceinfo, a análise dos resultados deste inquérito à luz de critérios políticos é “a mais interessante”, já que as reticências mais fortes vêm do lado do eleitorado de direita, ao contrário dos de esquerda. Os apoiantes de Marine Le Pen e de Jean-Luc Mélenchon mostram uma taxa de recusa à vacina do novo coronavírus que atinge 68% e 60%, enquanto 58% dos eleitores de Emmanuel Macron aceitam que lhes ser ministrado o imunizante.
Ainda assim, a chegada da vacina é considerada uma etapa decisiva por 53% dos franceses, que no geral mostram não ter ilusões relativamente ao seu efeito rápido – 36% estimam aqui um prazo de um ou dois anos, 46% não se quer pronunciar, e apenas 17% preveem que possa durar entre seis e nove meses.
O facto da maioria da população se mostrar refratária à ideia da vacina é “uma escolha inacreditável em França” após cientistas reconhecidos terem vindo a público enaltecer as vantagens da imunização ao vírus, considera Gaël Sliman, presidente da Odoxa, responsável pela sondagem. Segundo o inquérito, a maioria dos que não querem ser vacinados alega que “é uma decisão razoável”, tendo em conta tratar-se de uma nova doença e uma nova vacina que chega ao mercado.