Apesar de alguns países europeus terem registado nas últimas semanas um número de casos nunca visto em dois anos de pandemia, caso da Alemanha, por exemplo, todos eles estão a sofrer um aumento significativo de contágios com covid-19 – “saltos” suficientemente preocupantes para que quase todos os países do espaço económico europeu – e também os britânicos – tenham já voltado a acionar algumas medidas de contenção para evitar que as reuniões familiares (que não foram ainda proibidas em qualquer país) acabem por degenerar em sistemas de saúde totalmente entupidos. A Organização Mundial de Saúde já avisou: podem morrer mais 700 mil pessoas até março de 2022, só na Europa e na Ásia, se nada for feito. Testes para viajar é uma medida que quase todos voltaram a tirar da gaveta – não chega estar vacinado.
Aqui segue uma lista de algumas restrições reintroduzidas em alguns países do espaço económico europeu, os países de leste mais próximo da UE – e o Reino Unido
ALEMANHA
É um dos países com medidas mais restritivas – e a vida está a tornar-se muito difícil para quem não está vacinado. Se não estiver vacinado, um trabalhador residente na Alemanha tem de apresentar um teste negativo para aceder a escritórios, empresas ou transportes públicos. Só os que estão totalmente vacinados podem aceder a espaços como teatros, cinemas e restaurantes e outros eventos públicos em espaços fechados e a vacinação tornou-se obrigatória para quem trabalha em centros de saúde, hospitais e lares de idosos. Quem não esteja vacinado só pode convidar um máximo de duas pessoas para sua casa, de um único agregado familiar fora do seu. Em áreas com mais de 350 novas infeções por 100.000 pessoas ao longo de sete dias, bares e outros espaços de entretenimento fechados terão de fechar e nas escolas o uso de máscaras faciais será obrigatório para todos os alunos, independentemente da idade.
BÉLGICA
Os infantários e as escolas primárias encerraram para a quadra natalícia uma semana antes do suposto e todas as pessoas com mais de seis anos têm de usar máscara em espaços fechados. Todos os eventos realizados em espaços fechados têm lotação máxima de 200 pessoas. As discotecas fecharam ainda em novembro e os restaurantes e bares têm de encerrar às 23h até se verificar uma melhoria do número de casos.
NORUEGA
Desde dia 3 de dezembro que todas as pessoas que cheguem à Noruega, vacinadas ou não, têm de apresentar um teste negativo realizado nas 24 horas anteriores. O teletrabalho para quem possa optar por ele é obrigatório, tal como a utilização de máscaras na maioria dos espaços fechados. As escolas fecharam dia 13, esta segunda-feira, quase duas semanas antes do previsto. Além disso, a partir de quarta-feira, dia 15, nem bares nem restaurantes podem servir álcool.
IRLANDA
Ainda não há novas restrições mas o Governo vai reunir-se sexta-feira e a maioria dos jornais irlandeses antecipam novas medidas.
PAÍSES BAIXOS
É um dos países onde a população mais se opõe a restrições relacionadas com a contenção da pandemia. Mas o primeiro-ministro interino, Mark Rutte, não tem sido nada recetivo às exigências desta parte significativa da população, criticando constantemente quem não se quer vacinar. As escolas, que só deveriam fechar a 25, já não vão funcionar dia 20, segunda-feira, e até 14 de janeiro, pelo menos, bares e restaurantes só podem estar abertos até às 17h. Não são permitidos espectadores nos eventos desportivos. Desde 28 de novembro que os holandeses só podem receber um máximo de quatro pessoas em casa.
ÁUSTRIA
Este é o país onde se têm registado os maiores protestos nas ruas. Cerca de 40 mil pessoas reuniram-se em Viena no início do mês em protesto contra o confinamento – que a Áustria foi o primeiro, e até agora único, país da União Europeia a voltar a impor. Durante quase três semanas (acabou na segunda-feira), os austríacos só podiam sair para comprar comida, ir à farmácia e trabalhar, caso o teletrabalho não fosse possível, tal como nos piores dias de 2020. Teatros, museus e restaurantes voltaram a abrir, mas com mais restrições de horários – o máximo é até às 23h. O Parlamento está a estudar tornar a vacina obrigatória a partir de 1 de fevereiro, um passo que ainda nenhum país democrático no mundo adotou para toda a população.
REINO UNIDO
A rainha Isabel II cancelou o grande almoço de Natal com a família, uma tradição muito antiga na família real britânica. É um sinal claro para os cidadãos: este vai ser um Natal atípico, mais um. E mesmo que o sacrifício seja duro, até a rainha, que já tem 94 anos, vai abdicar de estar junto da família.
Voltou a ser obrigatório usar máscara em transportes públicos e lojas, todos os que entrem no Reino Unido têm de permanecer em quarentena pelo menos dois dias – até ao resultado do teste obrigatório à chegada – e é preciso prova de vacinação ou teste para entrar em grandes eventos. Não são medidas tão pesadas como as que estão a ser adotadas pelos governos dos vizinhos da UE mas para um primeiro-ministro que, não fosse a ajuda da oposição, nem estas medidas teria conseguido fazer aprovar no seu Parlamento conservador extremamente cético em relação a estas restrições, é o avanço possível.
ESPANHA
Desde dia 1 de dezembro, todas as pessoas que cheguem do Reino Unido e que não sejam residentes num país da UE têm de estar vacinadas e os que viajem de áreas de risco, como Londres, têm também de apresentar um teste negativo. Em todas as regiões há medidas diferentes, mas a maioria pede agora prova de vacinação, recuperação ou teste para entrar em todos os espaços fechados.
FRANÇA
Em Paris, as máscaras voltaram a ser obrigatórias em quase todo o lado, incluindo espaços abertos e todos os espaços públicos fechados, mesmo cinemas e restaurantes, onde antes não eram obrigatórios, já que é preciso apresentar também prova de vacinação ou teste. As autoridades locais no resto do país têm o poder de decidir impor o uso de máscara ao ar livre, se acharem necessário. “A taxa de incidência de Paris, que estava entre 50 e 100 casos por 100.000 pessoas em outubro, aumentou rapidamente para 266 casos por 100.000 pessoas em fim de novembro, e o aumento não mostra sinais de desaceleração”, disse, em comunicado, a câmara municipal da capital. As viagens do Reino Unido para França serão “severamente inspecionadas” a partir de sábado, disse o gabinete do primeiro ministro esta quinta-feira: quem quiser regressar a França depois de uma viagem a terras britânicas terá de explicar por que razão precisa de se deslocar – nem turismo nem trabalho não urgente são razões aceitáveis para deslocações.
ITÁLIA
As admissões também vão ser mais controladas: todos os que queiram entrar em Itália durante a quadra festiva terão de apresentar um teste à covid-19, algo que não era necessário para os habitantes do Espaço Schengen.
SUÉCIA
A partir de terça-feira, dia 21, a Suécia vai passar a pedir aos seus vizinhos nórdicos (Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia) um teste negativo para entrar no país. A Suécia só muito pontualmente restringiu qualquer atividade da sua população durante estes quase dois anos da pandemia
GRÉCIA
Além do teste ou prova de vacinação para entrar no país, o governo grego não impôs ainda qualqeuer medida nova nas últimas duas semanas. A vacinação é, porém, obrigatória para quem tem mais de 60 anos – há uma multa de 100 euros para quem for descoberto sem ela.
POLÓNIA
É um dos países onde a imposição de medidas é muito mal vista pela população. Mesmo assim, o governo decidiu que restaurantes, cinemas, teatros, lojas e outros espaços fechados só podem encher até 50% da sua capacidade, mas as pessoas que estejam totalmente vacinadas não entram nestes números, e podem sempre entrar com prova de vacinação.
ROMÉNIA
Um dos países com menos vacinados na UE voltou a aliviar as restrições impostas em outubro e novembro deste ano, o período mais drástico da pandemia para este país. Os cafés, bares e restaurantes voltam a poder estar abertos até às 22h (uma hora a mais do que na semana passada) e as máscaras não são obrigatórias, só em espaços pequenos e fechados. Apenas 40% da população está vacinada.
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL