A proporção de casos da variante inglesa do SARS-CoV-2 está a “aumentar significativamente” em Portugal, revela um relatório do INSA, que calcula em 70% a taxa de crescimento entre o início de dezembro de 2020 e o início deste mês.
O relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), avançado pela Rádio Renascença e publicado no site virological.org, alerta que se não se existirem alterações na taxa de aumento da variante detetada no Reino Unido, a proporção dessa variante no total de casos em Portugal pode atingir 60% na primeira semana de fevereiro.
O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e a empresa de laboratórios Unilabs desenvolveram uma ferramenta para monitorizar e sinalizar em tempo real a prevalência e a distribuição geográfica em Portugal da variante do coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, detetada no Reino Unido, permitindo uma melhor atuação das autoridades de saúde pública.
Os investigadores que produziram o relatório apresentam “dados abrangentes” que comprovam que a proporção de amostras desta variante “está a aumentar significativamente em Portugal”.
As conclusões do relatório resultam da análise de 27.096 casos confirmados positivos pelo ensaio “ThermoFisher TaqPath RT-PCR, recolhidos desde 01 de dezembro de 2020, em 287 instalações do laboratório Unilabs distribuídas por todo o continente.
Os investigadores observaram que a proporção de casos da nova variante aumentou de cerca de 1% nas semanas de 30 de novembro a 06 de dezembro de 2020 para 11,4% na semana de 11 a 18 de janeiro deste ano.
Desde o início da pandemia, o INSA tem vindo monitorizar, com o apoio de laboratórios públicos, privados e da academia, a dinâmica de mutações do SARS-CoV-2, através da sequenciação genética regular, metodologicamente preparada, de forma a perceber, a cada momento, a distribuição e evolução do vírus em território nacional e, deste modo, apoiar as decisões em saúde pública.
No âmbito desse trabalho, e em referência à variante do Reino Unido do SARS-CoV-2, o INSA está a trabalhar com várias unidades laboratoriais com o objetivo de determinar formas rápidas e eficazes de perceber, nos casos positivos reportados, quais os que podem ser causados pela nova variante.
ESTIRPE JÁ SE ENCONTRA EM TAVIRA E FARO
A hipótese já havia sido levantada pelas autoridades de saúde para justificar o aumento exponencial de casos em Tavira e confirmou-se. Faro consta também como um dos concelhos algarvios onde se registou a presença desta variante, depois da análise do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA)
O presidente da ARS Algarve explicou recentemente à TVI que “tendo o Algarve a maior comunidade inglesa residente e ainda o aeroporto internacional, aquilo que esperávamos era que ela [a estirpe britânica do vírus] chegasse cá”. Paulo Morgado afirmou que a situação era mesmo “inevitável”. Contudo, esta descoberta “é uma justificação para o aumento de casos, mas não é a única razão”. O responsável pela ARS da zona mais a sul do país deixa claro que esta “não é a única mutação que está em circulação”.
De acordo com o INSA, esta nova variante é responsável já por cerca de 15% das infeções a nível nacional e está já presente em todas as regiões, revela Paulo Morgado. Não há medidas especiais para controlar a estirpe britânica e a única forma de contornar os números é mesmo seguir as recomendações já emitidas pela Direção-Geral de Saúde (DGS).
Portugal registou hoje 219 mortes relacionadas com a covid-19 e 14.647 novos casos de infeção com o novo coronavírus, os valores mais elevados desde o início da pandemia, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 2.058.226 mortos resultantes de mais de 96,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.465 pessoas dos 581.605 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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