Sublinhando que o que os move “não é um juízo político, mas um imperativo ético e uma preocupação científica”, nomes como António Silva Graça (epidemiologista), Pedro Simas (virologista), Filipe Froes (pneumologista) e Constantino Sakellarides (especialista em saúde pública) defendem que “a forma mais eficaz de reduzir o número total de mortos é vacinar os maiores de 80 anos e o pessoal médico e de saúde”.
“Foi com base nestes mesmos pressupostos científicos que a Comissão Europeia recomendou a todos os Estados-membros que vacinem até março um mínimo de 80% dos maiores de 80 anos e dos profissionais de saúde”, afirmam, lembrando que o primeiro-ministro se comprometeu publicamente em Bruxelas “a concretizar esta orientação”.
Na carta, publicada no jornal Público, também assinada pelos ex-ministros da Saúde Maria de Belém e Adalberto Campos Fernandes e pela ex-presidente do Infarmed Maria do Céu Machado, os especialistas recordam que “a grande maioria dos Estados, incluindo aqueles com melhores práticas médicas e científicas, têm vindo a organizar o processo de vacinação começando pelos grupos etários mais velhos”.
Defendem que os critérios têm de ser “claros e transparentes, conformes a princípios éticos irrepreensíveis e resultar de um processo inclusivo e cientificamente rigoroso”, considerando que “tal é também fundamental para assegurar a confiança pública necessária à eficácia de todo o processo de vacinação”.
Na carta, os especialistas recordam: “observámos, ontem mesmo [segunda-feira], já depois de escrita a versão original deste texto, que a ministra da Saúde abriu a porta a essa revisão seguindo as orientações da Comissão Europeia que reconhecem a evidência científica há muito expressa nos planos de vacinação dos países europeus”.
“Mas está por apresentar um Plano de Vacinação corrigido que incorpore o fator idade como elemento essencial das prioridades da vacinação. É para isso que apelamos antes que seja demasiado tarde e se tenha perdido uma boa parte de uma geração”, escrevem.
Numa entrevista ao jornal Expresso na semana passada, o coordenador do plano de vacinação contra a covid-19 revelou que o grupo de trabalho está a preparar alterações ao plano, com uma proposta que deverá incluir os titulares de altos cargos de decisão e os bombeiros entre os prioritários a vacinar.
O plano de vacinação contra a covid-19 está dividido em três fases, a primeira das quais, a decorrer, abrange profissionais de saúde e idosos e pessoal que os acompanha nos lares. Esta fase, que se prolonga até final de março, inclui também profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos.
Nesta fase serão igualmente vacinadas, a partir de fevereiro, pessoas de idade igual ou superior a 50 anos com pelo menos uma das seguintes patologias: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração.
A segunda fase arranca a partir de abril e inclui pessoas de idade igual ou superior a 65 anos e pessoas entre os 50 e os 64 anos de idade, inclusive, com pelo menos uma das seguintes patologias: diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crónica, insuficiência hepática, hipertensão arterial, obesidade e outras doenças com menor prevalência que poderão ser definidas posteriormente, em função do conhecimento científico.
Na terceira fase será vacinada a restante população, em data a determinar.
As pessoas a vacinar ao longo do ano serão contactadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).
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