O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) disse hoje que o cenário de confinamento poderá ser o preço a pagar pela “falta de consciência” de famílias e “irresponsabilidade” no período de Natal face ao cenário de pandemia.
“É bom que todos nos preparemos para uma situação de confinamento geral, ou mais agravada do que o que temos hoje. É inevitável e é o preço que, como comunidade, vamos ter de pagar pela irresponsabilidade de algumas pessoas”, afirmou António Miguel Pina, durante a conferência de imprensa quinzenal que aborda a situação epidemiológica de covid-19 na região.
O também presidente da Câmara de Olhão salientou que a “situação difícil” originada pelo aumento exponencial de casos na região é “fruto da irresponsabilidade de cada um”, enquanto “comunidade” e da “falta de consciência dentro das famílias”.
“Não vale a pena pedir à polícia, ao Governo ou a quem quer que seja que controle a consciência de cada um, o espaço de cada um, a sua casa. Essa foi a natureza deste aumento significativo de contágios. Só conseguimos vencer este momento difícil apelando à consciência e responsabilidade individual”, salientou.
A delegada de Saúde regional, Ana Cristina Guerreiro, sublinhou que a subida do número de casos na região, à semelhança do que acontece em todo o país, deveu-se “à reunião de famílias oriundas de vários locais, que tinha sido recomendado que não o fizessem”.
“Sabemos pelos inquéritos epidemiológicos o que aconteceu. Um número elevado de pessoas, e com origens diferentes, provocou esse aumento rápido”, referiu, considerando que é preciso esperar pela evolução diária até à próxima semana para perceber se a situação se agravará.
“Desde a última semana, tem havido um esforço grande de identificação de casos e determinação de isolamento de pessoas”, frisou, sobre medidas que poderão “evitar” a subida progressiva do número de casos.
Se o concelho de Tavira “tem sido o que, nos últimos dias, tem inspirado maior preocupação”, pela taxa de incidência superior a 1.500 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, a responsável sustentou que, no Algarve, “não existe uma transmissão por surtos localizados, mas de uma forma generalizada pela região”, sendo poupados os concelhos mais pequenos.
A região algarvia conta, segundo os dados das autoridades regionais, com um número acumulado de 9.515 casos, 6.550 recuperados, 85 óbitos, 2.880 casos ativos e 3.381 contactos em vigilância ativa, além de 92 doentes internados, 17 dos quais nos cuidados intensivos e, destes, nove ventilados.
O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Paulo Morgado, informou que o hospital de Faro está a passar à fase 3 do seu plano de contingência, com a subida de 92 para 109 camas de internamento em enfermaria destinadas a pacientes com covid-19.
O responsável adiantou que na próxima segunda-feira será ativada uma estrutura de apoio de retaguarda numa unidade hoteleira de Alvor, no concelho de Portimão, com capacidade para cerca de mil pessoas, destinada a descongestionar o internamento hospitalar e a acolher idosos que tenham de estar em isolamento.
Em relação à vacinação, Paulo Morgado confirmou que já foram vacinados 2.200 profissionais de saúde dos hospitais e centros de saúde da região.
Esse processo continuará na próxima semana, em paralelo com a vacinação nos lares de idosos, que arrancará, previsivelmente na terça-feira nos dois concelhos com maior taxa de incidência, Tavira e Albufeira, concluiu.
Portugal regista hoje 118 mortos relacionados com a covid-19 e 10.176 novos casos de infeção com o novo coronavírus, os valores diários mais elevados desde o início da pandemia, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Este é o maior aumento diário de mortos e de infeção desde o início da pandemia, em março de 2020, ultrapassando os máximos de 98 óbitos e de 10.027 casos registados em dezembro.
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 7.590 mortes e 466.709 casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2, estando hoje ativos 98.938, mais 5.578 do que na quinta-feira.
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