No ano passado ficaram por realizar mais de 6,5 milhões de consultas presenciais nos centros de saúde, segundo o Portal da Transparência. Os especialistas estão preocupados com os doentes crónicos.
Os estudos provam que no caso dos doentes com problemas cardiovasculares, o ideal é serem vistos pelo médico entre duas a três vezes por ano e a fase de confinamento ajudou a quebrar essa rotina. Em declarações à SIC, Rui Nogueira, médico de Medicina Geral Familiar explicou que os doentes acabam por deixar a medicação e aqueles que já deveriam ter feito análises ainda não as fizeram.
Existiu um aumento de 5 a 10% no peso dos doentes, reparou ainda o especialista.
Entre janeiro e outubro do ano passado houve 10,7 milhões de consultas presenciais nos centros de saúde, segundo o Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde, que mostra que ficaram por realizar 6,6 milhões de atendimentos.
Segundo os especialistas, é importante monitorizar ao máximo os doentes crónicos que estão sem acompanhamento. Voltar ao fluxo normal de consultas vai ser difícil, até porque há quem continue com medo de sair de casa devido à pandemia do novo coronavírus.
A teleconsulta tem-se mostrado eficaz. Contudo, os médicos pedem que não se generalize. Deixam um alerta à ordem para que crie regulamentação específica com o que deve ou não ser tratado à distância.
MINISTÉRIO DA SAÚDE QUER TELECONSULTAS EM JUNTAS DE FREGUESIA DE TODO O PAÍS
O secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, anunciou em Guimarães, a intenção de instalar em todo o país, concretamente em juntas de freguesia, balcões SNS24, destinados à prestação de serviços digitais e de telessaúde.
O governante, que falava na cerimónia de assinatura de um protocolo que vai permitir a entrada em funcionamento de um daqueles balcões na sede da Junta de Freguesia de Brito, concelho de Guimarães, explicou que a ideia é evitar idas desnecessárias aos centros de saúde.
“Tencionamos espalhar estes balcões ao resto do país da forma mais rápida possível”, referiu Diogo Serras Lopes no passado dia 22 de janeiro.
Foram ainda assinados, em Vila Real, mais sete protocolos para instalação de outros tantos balcões SNS24, designadamente em Sanfins do Douro (Alijó), Vila Marim (Mesão Frio), Jou (Murça), União das Freguesias de Galafura e Covelinhas (Peso da Régua), S. Martinho de Anta e Paradela de Guiães (Sabrosa), Cumieira (Santa Marta de Penaguião) e Mouçós e Lamares (Vila Real).
Todos estes balcões já entraram em funcionamento.
“É uma forma mais eficiente e mais rápida de contacto do cidadão com o seu profissional de saúde”, sublinhou o secretário de Estado da tutela.
Diogo Serras Lopes explicou que estes balcões não surgiram por causa da pandemia de covid-19.
“O SNS24 aconteceu apesar da pandemia”, referiu, admitindo, no entanto, que a covid-19 serviu para reforçar a importância e a acuidade da telessaúde.
O governante adiantou que os balcões SNS24 assumem-se como um projeto “estruturante”, que resultará em “ganhos de eficiência e saúde”.
“Nos balcões, os utentes poderão realizar, em segurança, toda uma série de atos que até aqui exigiam deslocações aos centros de saúde”, rematou.
O alargamento destes balcões a todo o país ainda não tem “planeamento definido”.
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