Boris Johnson decidiu ficar em quarentena, mas só depois de ter sido fortemente criticado por tentar escapar ao isolamento profilático.
O primeiro-ministro britânico e o ministro das Finanças estiveram em contacto com o ministro da Saúde do Reino Unido que está infetado.
O embaraço acontece nas vésperas do dia em que os britânicos levantam quase todas as restrições.
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Quase todas as restrições levantadas a partir de segunda-feira
A partir desta segunda-feira, os ingleses deixarão de fazer contas ao número de pessoas com quem podem estar, jantar no restaurante ou convidar para o casamento, poderão beber uma cerveja ao balcão do pub, cantar e dançar sem restrições, não pensar se estão ou não a mais de dois metros da pessoa ao lado e até deixar a máscara em casa, ainda que a recomendação seja para continuar usá-la em locais fechados onde se juntam várias pessoas, como é o caso dos transportes públicos.
O plano de desconfinamento delineado pelo governo britânico chega à quarta e última fase a 19 de julho, já apelidado por alguns como o “dia da liberdade”. Quase todas as restrições relativas aos contactos sociais são levantadas e a opção passa agora por apelar à responsabilidade individual.
“A pandemia ainda não acabou e é preciso manter os cuidados”, tem avisado o primeiro-ministro, entretanto a cumprir isolamento após contacto com o seu ministro da Saúde, Sajid Javid, que testou positivo para a covid-19. Há planos para acabar também com esta regra para quem tem a vacinação completa e para os menores de 18 anos, mas só mais à frente, a 16 de agosto.
Quanto à situação da epidemia no país, o Reino Unido ultrapassou a fasquia das 50 mil novas infeções diárias e estima-se que o pico desta vaga não aconteça antes de meados de agosto, escreve a BCC, citando os cálculos dos especialistas que aconselham o Governo. É possível que o país chegue às 100 mil infeções ou mais, com 1000 a 2000 internamentos por dia no momento mais crítico e uma a duas centenas de mortes diárias.
Neste momento, o número de hospitalizações diárias está a aumentar mas em números muito distantes do pico da terceira de vaga, no início do ano.
Os mesmos especialistas admitem que todas estas previsões têm bastante grau de incerteza e podem até pecar por defeito. Mas também se espera que a cobertura vacinal continue a progredir. Atualmente, 53% dos britânicos têm a vacinação completa (67,8% se se considerar apenas a população adulta) e 68% têm pelo menos uma dose (87,8% dos adultos).
VIVER COM O VÍRUS
A ideia é então reabrir o que ainda não funciona – como as discotecas e clubes noturnos, fechados desde março de 2020 – e tornar mais normal a vida em sociedade. Cinemas e teatros passam a funcionar sem restrições de lugares e não haverá limites ao número de pessoas que podem estar em eventos desportivos ou culturais, por exemplo.
No entanto, o Governo apela a que os promotores destes eventos que juntam muitas pessoas usem os certificados covid (provas de vacinação, recuperação recente da doença ou teste negativo) para acesso a esses locais. E admite tornar esta condição obrigatória se se verificar que não estão a ser tomadas as medidas necessárias à prevenção dos contágios.
Quanto ao trabalho, nesta fase do plano recomenda-se um regresso gradual aos locais de emprego.
Na página do Governo, deixa-se o alerta: “Apesar de a maioria das restrições legais serem levantadas nesta fase 4 e de muitas pessoas estarem vacinadas, é possível ser infetado e transmitir o vírus. Além disso, estamos a viver a terceira vaga desta pandemia”. Mas também o que se acredita ser o caminho: “A covid-19 fará parte das nossas vidas nos tempos mais próximos. Por isso, precisamos de aprender a viver com isso e a gerir o risco, para nós e em relação aos outros.”
Fazer um teste quando se tem sintomas e cumprir o isolamento em caso de resultado positivo, organizar rastreios ocasionais em situação de elevado risco e conviver o máximo possível ao ar livre, evitando convívios alargados e duradouros, são algumas dos comportamentos que o executivo de Boris Johnson quer que continuem a ser postos em prática pela sociedade.
No capítulo das viagens, os cidadãos vacinados que cheguem da longa lista de países que estão no grupo âmbar, como Portugal, já não terão de cumprir quarentena à chegada. Apenas o farão se não tiverem a vacinação completa ou se regressarem de países na lista vermelha.
O APELO DOS CIENTISTAS
Em relação às máscaras, acaba a obrigatoriedade de uso, mas a recomendação é também para continuar a usar em espaços fechados com muita gente, incluindo transportes públicos.
Ainda assim e dada a elevada incidência no país, um conjunto de especialistas tem apelado a Boris Johnson para que reveja esta medida em particular e mantenha a obrigatoriedade: “Se não usarmos máscara, o vírus espalha-se mais rapidamente. É tao simples quanto isto”, defendeu Julian Tang, um virologista da Universidade de Leicester, citado pelo The Guardian.
Um grupo de investigadores foi mais longe e escreveu um artigo publicado na revista médica The Lancet classificando a decisão de Boris Johnson como “perigosa e prematura”. Isto por considerarem que os níveis de vacinação ainda não são suficientes para proteger o SNS de um agravar da situação, decorrente de um aumento esperado de internamentos, por exporem milhões de crianças e adolescentes não vacinados ao contágio e por poderem potenciar o aparecimento de mais variantes.
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