Uma investigação da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto concluiu que a taxa de sobrevivência, aos cinco anos, do cancro da mama, é de 83% nas pacientes em Portugal, mas cai para os 50% quando se trata de mulheres com mais de 75 anos.
Publicado no Journal of Breast Cancer, o estudo indica que o subtratamento oncológico nas idosas diagnosticadas com cancro da mama poderá ser a causa do impacto negativo na vida depois do diagnóstico. Sobretudo, não avançar para a cirurgia provou-se influenciar “negativamente a sobrevivência” das doentes, aponta a Faculdade de Medicina em comunicado.
No estudo observacional iniciado em 2014 com pacientes do Centro de Mama do Hospital de São João, no Porto, as pacientes com mais de 75 anos tiveram uma taxa de mortalidade aos cinco anos de 55,1% e uma taxa de letalidade por cancro de 24,5%, enquanto no grupo de tratamento standard, os números baixaram para 13,9% e 7%, respetivamente.
Os resultados são particularmente relevantes quando a população portuguesa com mais de 65 anos quase triplicou de 1961 para 2019, de 8% para 22%.
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Com esse envelhecimento, vem um aumento da incidência de cancro, “o que vai fazer com que os médicos tenham que tratar cada vez mais doentes com cancro em idades avançadas”, revela Fernando Osório, docente da FMUP e um dos autores do estudo.
Como atualmente os programas de rastreio mamográfico não contemplam o considerável aumento da longevidade da mulher nos últimos 60 anos, o médico coordenador do grupo oncológico de mama do Centro Hospitalar Universitário de São João diz ser a favor do alargamento do rastreio mamográfico às mulheres com mais de 70 anos, bem como da inclusão de idosos nos ensaios clínicos, agora excluídos.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL