O bastonário da Ordem dos Médicos explicou, em entrevista à SIC Notícias, que há dois fatores que, neste momento, estão a contribuir para as urgências do país estarem cheias e sob pressão.
Miguel Guimarães alerta que este é um problema cíclico que já existia antes da pandemia e que, durante o pico da covid-19, acabou por melhorar porque as pessoas tinham receio de ir às urgências.
MAS, AFINAL, PORQUE É QUE AS URGÊNCIAS ESTÃO CHEIAS?
Depois da pandemia parecer estabilizar, há menos receio de recorrer aos serviços de saúde e, por isso, a afluência às urgências tem aumentado. O bastonário da Ordem dos Médicos explica, no entanto, que há dois fatores principais para a pressão sentida neste momento.
- Os doentes crónicos que perderam as suas consultas devido à pandemia ou que ainda não foram diagnosticados e, por isso, estão a recorrer às urgências com complicações.
- Desconhecimento, por parte dos utentes, sobre quando se deve recorrer às urgências.
Miguel Guimarães lamenta que cerca de 40% dos doentes que recorrem às urgências “não têm verdadeiras urgências e acabam por empatar”, afirma.
“Não há programas de educação e literacia em saúde para as pessoas perceberem quando têm uma situação aguda urgente ou aguda não urgente e como não expandimos os cuidados primários para podermos ter uma resposta, é óbvio que as pessoas, em último caso, recorrem aos serviços de urgência”.
O bastonário dos médicos afirma ser essencial reforçar a capacidade de resposta dos serviços de saúde primários, nomeadamente centros de saúde.
“Se eu disser a um doente agudo não urgente para ir a um centro de saúde, é importante que esse centro tenha médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde. É altura de fazer uma reforma rápida nesta área”, defende.
Questionado sobre quando essa reforma pode acontecer, mostra-se esperançoso que o novo Governo abra uma linha de diálogo construtivo.
“Julgo que o primeiro-ministro vai querer deixar marcas nalgumas áreas e parece-me que a saúde já terá sido uma área eleita nesse sentido”, conclui.
- VÍDEO: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL