O presidente do Chega disse que António Costa “não sabe ser primeiro-ministro” e que se revelou “tal como é” quando alegadamente chamou de “cobardes” aos médicos envolvidos no surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz.
“Nós temos um primeiro-ministro que não sabe ser primeiro-ministro. Em que todos os que se lhe opõem responde mal, responde com agressividade e mostra aquilo que é. António Costa perdeu o controlo. Do país e do Governo”, afirmou André Ventura nesta quarta-feira à noite num jantar-comício do partido no Algarve.
Na sua intervenção naquela que foi a primeira ‘rentrée’ política do partido, em Almancil, no concelho de Loulé, André Ventura disse que as declarações em ‘off’ a propósito de um surto de covid-19 num lar em Reguengos de Monsaraz mostraram Costa “tal como ele é”.
“Nós tivemos o primeiro-ministro a revelar-se tal como é: ‘Os cobardes dos médicos’. Mas com aquele ar violento dele, não sei se se lembram do encerramento da campanha legislativa”, disse, aludindo a um incidente com um cidadão em Lisboa, em outubro passado, no último dia da campanha eleitoral para as legislativas.
Relativamente às declarações de António Costa em ‘off’ à margem de uma entrevista ao Expresso, André Ventura disse estar “espantado” com o silêncio da “grande maioria” do PSD, assim como do BE e do PCP e, também, com a reação de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Quando vejo o Presidente da República ignorar estas ofensas aos médicos e dizer que o Governo está a fazer tudo o que pode, eu não percebo”, declarou, sugerindo que se fosse ele próprio a fazê-las seria criticado por todos os partidos.
O deputado único do Chega já manifestou intenção de ser candidato às próximas eleições presidenciais.
A primeira ‘rentrée’ política do Chega decorreu num clube onde funciona um restaurante e que é simultaneamente um espaço de diversão noturna, em Almancil, no concelho de Loulé, reunindo 400 pessoas, de acordo com a organização.
Antes do início do jantar comício, junto à vedação do espaço onde decorria o evento, concentrou-se uma dezena de manifestantes envergando camisolas pretas e cartazes de protesto contra o Chega, que seriam pouco depois retirados do local pela GNR.
O Chega foi o primeiro partido a fazer a ‘rentrée’, num ano em que, devido à pandemia de covid-19, a maioria das forças políticas escolheram não organizar os tradicionais eventos com grande número de pessoas.
Esta é a primeira vez que o partido, oficializado em abril do ano passado, assinala a ‘rentrée’ política, dias antes da eleição do novo presidente e da segunda Convenção Nacional do partido, ambas marcadas para setembro.