Os números dizem que o Partido Socialista ganha as eleições e que a maioria dos votos ainda está nos partidos à esquerda, mas também mostram que a maioria de esquerda encolhe em relação às últimas legislativas e que, em apenas um mês, a distância entre PS e PSD encurtou para metade.
PARTIDOS À ESQUERDA REÚNEM 51% DOS VOTOS
Os socialistas caem dois pontos, para os 38%. Mesmo assim, o valor está acima do resultado das últimas legislativas. A vantagem é agora de sete pontos em relação ao PSD, que depois das diretas cresce nas intenções de voto.
À direita, todos sobem à exceção do Chega, que perde terreno, mas com um resultado muito superior ao de 2019. À esquerda, a CDU mantém os 6% que conquistou nas últimas legislativas e o Bloco de Esquerda estabiliza nos 5%, quase metade do resultado de 2019. Qualquer um deles chegaria para o PS formar Governo.
As contas mostram que os partidos à esquerda, incluindo o PAN, reúnem 51% dos votos contra 44% da soma dos partidos à direita. A diferença é de apenas sete pontos, quando nas últimas legislativas era quase três vezes maior.
MAIORIA ABSOLUTA. SIM OU NÃO?
A sondagem mostra também que a maioria dos inquiridos tem dúvidas sobre as vantagens de uma maioria absoluta. 47% preferem evitá-la, mas 40% entendem que é mesmo a melhor solução. Uma percentagem bem maior do que os 27% que em 2019 já apostavam na maioria de um partido só.
E SE…?
Se ninguém conseguir metade dos votos + 1 e se for o PS o partido mais votado, 33% dos inquiridos entendem que António Costa deve sentar-se à mesa com Rui Rio.
Somando os votos do Bloco de Esquerda e do PCP, uma maioria de 46% ainda acredita que os socialistas devem continuar a privilegiar a negociação com os partidos à esquerda.
Opções que saem reforçadas quando a pergunta é colocada apenas a simpatizantes do PS. 38% dos eleitores socialistas preferem o diálogo ao centro, mas 55% continuam a apostar numa solução à esquerda.
Se por outro lado, for o PSD o partido mais votado. 37% dos inquiridos entendem que Rui Rio deve conversar com o PS. 20% apostam no diálogo com os centristas, que pode não chegar para formar maioria. Apenas 8% abrem a porta a acordos com o Chega e 6% a um entendimento com a Iniciativa Liberal.
Entre os eleitores do PSD, a maioria prefere continuar a apostar no diálogo com o CDS, mas 31% apostam as fichas num acordo ao centro.
AS NOTAS PARA A ATUAÇÃO DO GOVERNO
52% dos inquiridos consideram que o desempenho do Governo tem sido “Bom” ou “Muito Bom”, enquanto 40% têm a opinião contrária, e 9% não sabem ou não respondem à pergunta.
Em relação a setembro de 2019, as avaliações de “Bom” cresceram 2 pontos percentuais, ao passo que as avaliações de “Mau” cresceram 3 pontos percentuais; a redução (4 pontos percentuais) deu-se nos inquiridos que não sabem/recusam responder.
QUEM SÃO OS POLÍTICOS COM MELHORES NOTAS?
Marcelo Rebelo de Sousa é o líder político cuja atuação recente é mais bem avaliada pelos inquiridos (7,5).
Seguem-se António Costa (5,8) e Rui Rio (4,9), o primeiro acima do ponto médio da escala (5) e o segundo colado a esse ponto. De notar que, no estudo de setembro de 2019, a atuação de Rui Rio recebia uma avaliação média muito inferior (3,7).
Depois temos Catarina Martins (4,2), Jerónimo de Sousa (3,9), Inês Sousa Real (3,5), Francisco Rodrigues dos Santos (3,2) e João Cotrim de Figueiredo (3,1). As figuras avaliações mais baixas são André Ventura (2,3) e Joacine Katar Moreira (2,1).
Ao longo dos últimos quase três anos, as variações nas avaliações feitas sobre a atuação dos líderes dos partidos de esquerda/centro-esquerda têm sido reduzidas.
António Costa tem persistentemente atingido uma avaliação média em torno de 6, enquanto os restantes líderes apresentam linhas quase paralelas, mantendo praticamente inalterada a sua pontuação média absoluta, assim como o posicionamento relativo face aos outros.
ANTÓNIO COSTA E RUI RIO: QUEM É O MAIS HONESTO?
Neste estudo, os inquiridos foram convidados a comparar António Costa e Rui Rio em termos de uma série de características pessoais consideradas importantes para um líder político.
Em geral, há mais inquiridos a selecionarem Costa como o que mais dispõe de cada uma das características consideradas, com exceção para “estar disposto a dizer o que pensa”, onde Rio (41%) é beneficiado face a Costa (31%).
Ainda assim, face a setembro de 2019, a proporção de inquiridos que seleciona Rio aumentou na maioria das características de liderança consideradas.
As diferenças mais expressivas, e favoráveis a Costa, encontram-se quando se pergunta qual deles é um líder mais “forte”, mais “experiente” e mais “simpático”.
Costa é também visto por mais inquiridos como um líder “honesto” e que se “preocupa com as pessoas”. De realçar que 24% consideram que nenhum dos dois é honesto e 23% afirmam que nenhum deles se preocupa com as pessoas. A taxa de não-respostas a estas questões variam entre 13% (mais experiente) e 20% (mais honesto).
FICHA TÉCNICA
Este relatório baseia-se numa sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 10 e 20 de dezembro de 2021. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo, Idade (4 grupos), Instrução (3 grupos), Região (5 Regiões NUTII) e Habitat/Dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de Região e Habitat, foram selecionados aleatoriamente 103 pontos de amostragem onde se iniciaram caminhos aleatórios para a seleção de domicílios onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto recolhida recorrendo a simulação de voto em urna. Foram realizadas 3538 tentativas de contacto, das quais se apurou que 259 correspondiam a situação não elegíveis. Foram obtidas 901 entrevistas válidas (taxa de resposta de 27%, taxa de cooperação de 38%). O trabalho de campo foi realizado por 39 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses residentes no Continente com 18 ou mais anos, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 9). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 901 inquiridos é de +/- 3,3%, com um nível de confiança de 95%.
Nos gráficos, todas as percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua soma ser diferente de 100%.
– Notícia da SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL