O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros manifestou-se hoje disponível para “ir imediatamente” ao parlamento prestar esclarecimentos sobre a exclusão de Portugal da lista de destinos seguros do governo britânico, disse à fonte do seu gabinete.
O ministro “está disponível para ir imediatamente à comissão parlamentar”, afirmou à Lusa fonte do gabinete do ministro Santos Silva, cuja presença no parlamento foi hoje requerida “com urgência” pela bancada do PSD, depois de ser conhecida a exclusão de Portugal da lista de destinos seguros elaborada pelo Reino Unido.
O grupo parlamentar do PSD entregou um requerimento para que o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros seja ouvido no Parlamento “a fim de prestar todos os esclarecimentos a propósito da exclusão de Portugal da lista de destinos seguros elaborada pelo Governo britânico e ainda das restrições e limitações que têm sido impostas por outros estados à entrada de passageiros oriundos de voos com origem em Portugal”, lê-se, num comunicado divulgado pelos sociais-democratas.
Em causa está a recente nota publicada hoje na página oficial do Ministério dos Transportes britânico, que excluiu Portugal dos “corredores de viagem internacionais” com destinos turísticos que o Reino Unido vai abrir para permitir aos britânicos passarem férias sem cumprir quarentena no regresso.
Portugal, onde foram identificados vários surtos localizados nas últimas semanas, não está na lista de 59 países e territórios hoje publicada, que inclui Espanha, Alemanha, Grécia, Itália, Macau ou Jamaica.
“Esta é uma decisão que tem um enorme impacto para a recuperação do setor do turismo em Portugal tendo em conta que no ano passado os turistas britânicos representaram cerca de 20% do total de dormidas de não residentes. No caso concreto do Algarve, esse valor sobre para 37,3% e na Madeira sobe para 26.6%, realçando ainda mais o peso do turismo britânico no nosso país”, alertam os sociais-democratas, no requerimento em que pedem a presença urgente do governante.
O PSD lembra ainda a “importante comunidade portuguesa residente no Reino Unido” que poderia beneficiar deste corredor aéreo para se deslocar para Portugal “depois deste longo período de confinamento social e da imposição de tantas restrições à liberdade de circulação dos cidadãos”.
“Nem mesmo a possibilidade, já avançada por um porta-voz do Governo britânico, de um turista britânico poder ir de avião para Espanha e depois de carro para Portugal, gozar as suas férias, e depois voltar ao seu país pela mesma via, parece atenuar os efeitos negativos desta decisão do Governo britânico em relação ao nosso país”, apontam ainda os sociais-democratas.
Augusto Santos Silva já reagiu hoje a esta decisão do Reino Unido classificando-a como um “absurdo”, “errada” e que causa “muito desapontamento”, trazendo ainda graves consequências económicas e de confiança recíproca.
Em declarações, por telefone, à agência Lusa, Augusto Santos Silva garantiu que as autoridades portuguesas não irão tomar qualquer atitude de reciprocidade em relação aos britânicos que residem em Portugal, mais de 35.000, disse, e que espera que o Reino Unido “corrija uma decisão errada rapidamente”.
Portugal contabiliza pelo menos 1.587 mortos associados à covid-19 em 42.782 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).