Dezenas e dezenas de delegados levaram, à tribuna do XXI congresso do PCP, em Loures, assuntos como os problemas da pesca, a reforma agrária ou os números das vendas do Avante no Litoral Alentejano.
Uns mais conhecidos que outros, foram ocupando o tempo do congresso – mais de 14 horas na sexta-feira e hoje – com um estilo e temas muito diferentes dos de outros partidos.
Na sua maioria, os delegados das organizações, das células às distritais, levam ao microfone preocupações setoriais lendo uma espécie de relatório de atividades.
Os temas são muitos, da distribuição e venda do Avante no Litoral Alentejano – são 147 os exemplares “vendidos regularmente” – ao apoio a greves ou à contestação ao novo aeroporto do Montijo, no distrito de Setúbal.
Do Alentejo, através de João Pauzinho, veio a denúncia da agricultura intensiva e de uma nova reforma agrária, em moldes diferentes da de 1974/1975 – tudo dito em quatro minutos e poucos são os ultrapassam o tempo, ao contrário do que acontece em congressos de outros partidos.
Outros, membros da direção do partido, têm mais tempo e falam de temas específicos, sobre a segurança social, a saúde, o sindicalismo.
Há ainda os notáveis, como a ex-eurodeputada comunista Ilda Figueiredo, que subiu hoje ao palco do pavilhão para falar da paz mundial, Albano Nunes, ex-dirigente histórico dos comunistas, que foi teorizar sobre o marxismo-leninismo e a fidelidade do partido a esses princípios e foi aplaudido de pé, na sexta-feira.
Como é tradição, os militantes comunistas continuam a reagir com salvas de palmas quando se referem países como Cuba e Venezuela. E foi isso que aconteceu quando Ilda Figueiredo fez referência ao país que já foi liderado por Fidel Castro.
Ao longo destes dois dias, os dirigentes enumeraram, por vezes de forma exaustiva, os resultados de processos de “lutas” contra as portagens, na Beira Interior, ou das greves em Setúbal ou no Algarve.
Mas também há questões de política interna. Hoje de manhã passou pela tribuna Cátia Benedetti, dirigente do PCP dos Açores, que foi falar sobre a derrota da CDU nas eleições de outubro que afastou os comunistas do parlamento regional.
Culpou a “campanha anticomunista”, mas também reconheceu que com “uma organização mais forte” podia ter sido “evitada a saída do parlamento” da Horta, ilha do Faial, e pediu um “reforço” do trabalho partidário”.
Da “geringonça”, ou “nova fase da vida política nacional”, como se referem os comunistas ao entendimento de esquerda de 2015 a 2019, também se falou para reivindicar medidas adotadas pelo Governo do PS, mas por iniciativa do PCP.
Exemplo? O passe intermodal foi uma “conquista” e uma “luta de vários anos”, lembrou Mário Janeiro, da concelhia do partido do Seixal, distrito de Setúbal.
Mas no congresso também se ouve a voz de delegados de “células”, que o PCP quer aumentar em mais 100.
Logo a abrir os trabalhos do dia, pouco depois das 09:00, falou Luís Mestre, que foi descrever o trabalho de reconstrução, há um ano, da “célula” numa empresa, a Iberol, em Vila Franca de Xira.